segunda-feira, março 25, 2002

FARC - RIBEIRÃO PRETO DE NOVO NA BERLINDA

Ainda com respeito ao Comitê Pró-Farc em Ribeirão Prêto, anexo notícia da mesma Folha da Tarde, em 20/3, para que todos possam acompanhar o que acontece. Notem que as atividades do comitê serão "culturais". Se tal iniciativa não configura uma tentativa de dar apoio (de qualquer natureza) a um movimento TERRORISTA, tornando-se uma atividade condenável ao extremo, se não terrorista em sua própria essência, acho que vou voltar para a escola e aprender a ler português. Eu mandaria uma força-tarefa da Polícia Federal para cantar umas cantigas com essa galera lá nesse bar latino-americano e aproveitava para filmar e fotografar todos os presentes para uma fita "demo", e sua futura divulgação artística.

Secretário de Ribeirão Preto inaugura comitê "pró-Farc"

Ribeirão Preto - Apesar de algumas baixas com a sua divulgação, o Comitê de Apoio à Libertação dos Povos da América Latina - que seria inicialmente apenas um comitê pró-Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) - será inaugurado hoje, às 20 horas, na Câmara de Ribeirão Preto, pelo secretário de Esportes do município, Leopoldo Paulino (PSB). A repercussão inicial sobre o órgão esvaziou o número de participantes de peso, mas Paulino acredita que isso poderá ser revertido. "Houve sensacionalismo barato e algumas pessoas se desorientaram com as informações", comentou ele.

No folheto explicativo (convite) cita-se que o comitê não é um braço das Farc no Pais, mas de apoio ao povo colombiano e a outros. No folheto, distribuído por Paulino, um ex-guerrilheiro nos anos 60 e que se elegeu vereador cinco vezes seguidas desde 1982, o comitê é mencionado como "movimento social, suprapartidário e democrático" e que visa a "difusão da cultura e da história dos povos da América Latina", além de ser um "manifesto e resistência ao imperialismo norte-americano".

Segundo o texto, a intenção é formar núcleos de estudo, atividades, palestras, seminários, conferências, oficinas e outros eventos culturais para divulgar o que ocorre nos países vizinhos. "E vamos encerrar a inauguração do comitê num bar que tem música latino-americana", disse Paulino. O secretário de Esportes, que deverá se afastar do cargo em abril para concorrer a deputado estadual nas eleições de outubro afirmou que convidará os vereadores e até o prefeito Antônio Palocci Filho (PT). O prefeito evita comentar o assunto, pois entende que a atitude de Paulino é pessoal, não política. O vereador Beto Cangussú (PT), que participou da primeira reunião da criação do comitê, disse nesta terça-feira que aguardará a formação, finalidade e configuração do órgão para analisar se participará. "Enquanto isso, não", diz Cangussú, que é contra algo que divulgue as atividades das Farc. O vereador José Antônio Lages (PDT) também afastou-se, assim como dois advogados. A diretoria do comitê, que não tem sede, será definida hoje.

Paulino disse que 90% dos e-mails que recebeu são favoráveis à criação do comitê e que muitas pessoas não entenderam a idéia inicial. Recebeu um telefonema ameaçador, mas ignorou ao descobrir quem era o autor da ligação. Apesar de ampliar o leque de difusão de cultura de outros países o folheto sobre o comitê menciona que o "primeiro tema a ser estudado e debatido será as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc)", que existe há quase 40 anos e que, segundo o texto, "sofrem uma campanha difamatória, organizada pelos EUA, que os taxam de terroristas e narcotraficantes". E acrescenta: "Vale lembrar que luta semelhante ocorreu no Brasil na época da ditadura militar. Os guerrilheiros torturados, desaparecidos e seqüestrados de ontem, nos garantem a liberdade de expressão de hoje."

LEITURA IMPORTANTE

Os meus cabelos estão ficando arrepiados na nuca. As coisas estão acontecendo muito mais rapidamente do que o Governo tem condições de enfrentar e para piorar, a atuação silenciosa e constante de elementos infiltrados na imprensa de modo geral se encarrega se minimizar, mastigar, arredondar notícias em tudo alarmantes, entregando-as ao público de maneira "amaciada", sem permitir que ostentem sua verdadeira urgência, premência ou perigo.
Alguns jornais ainda abrigam articulistas, ou convidam que se manifestem pessoas, que se esmeram na luta para abrir os olhos do povo, principalmente o da classe média que lê jornal mas não consegue distingüir bem o preto do branco, mas é um segmento que tem força na hora de votar. Transcrevo então artigo publicado na Folha da Tarde de 16/3, que é bastante eficiente ao alertar contra o que se está preparando na moita, na surdina, bem nas barbas do governo.
Mas precisamos, em conjunto, falar mais, discutir mais, escrever mais para os jornais, fazendo mais barulho e repudiando em bom e audível tom o que nos desagrada, perturba ou assusta. Questionemos pois as autoridades antes que seja muito tarde.
É uma leitura importante. Sua divulgação, prioritária.


Farc em Ribeirão Preto

Como se já não fosse difícil a situação de insegurança que vive o Estado de São Paulo, às voltas com guerrilheiros chilenos seqüestrando empresários, atentados contra a Justiça e a polícia sendo perpetrados pelos bandidos do PCC, rebeliões constantes em cadeias públicas coordenadas por essa facção criminosa, "bondes do mal" organizados por estes facínoras para praticar assaltos milionários, seqüestros e assassinatos cometidos por criminosos comuns, a prefeitura petista de Ribeirão Preto acaba de dar a sua colaboração à anarquia geral, autorizando a inauguração, dia 20 deste mês, de um Comitê de Apoio às Farc. Irresponsabilidade tamanha só merece o repúdio das pessoas de bem. Porque organizar um tal comitê não é nada mais do que se solidarizar com criminosos que praticam sistematicamente os piores crimes (seqüestros e assassinatos indiscriminados de civis desarmados, além de financiarem as suas atividades destrutivas com o tráfico internacional de drogas). Só muita ignorância ou muita má-fé podem explicar essa atitude.

A decisão é particularmente grave, pois não se trata de um município qualquer que aprova medida tão descabelada, mas de uma importante cidade do interior paulista, sendo o secretário Leopoldo Paulino (que propôs a asneira) estreito colaborador do prefeito Palocci Filho, que por sua vez desempenha a importante tarefa de coordenar o programa de governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Não adianta que alguns membros do comando petista tenham se pronunciado contra, se o próprio Lula e o presidente nacional do Partido, José Dirceu, ficaram mudos feito ostras. Pela gravidade do assunto, eles deveriam, pessoalmente, desautorizar tamanha burrice. Calar é consentir. E consentir em apoiar as Farc sinaliza, à opinião pública brasileira, qual será o caminho que podemos esperar, caso Lula ganhe as eleições.

As Farc constituem, hoje, o mais agressivo grupo terrorista da América Latina. Porque terrorismo é o que esses assassinos praticam. Ou não é terrorismo envenenar a água de cidades inteiras, como as Farc fizeram em Pitalito (cidade colombiana de aproximadamente 100 mil habitantes)? Ou não é terrorismo assassinar a sangue-frio vários congressistas? Ou não é terrorismo seqüestrar uma candidata de esquerda independente à Presidência da República? Ou não é terrorismo bombardear indiscriminadamente cidades do interior, matando mulheres, velhos e crianças, para apagar do mapa as delegacias policiais? Ou não é terrorismo tentar destruir a maior represa que abastece de água Bogotá, a capital do ensangüentado país, com 7 milhões de habitantes? Ou não é terrorismo invadir um país vizinho, como as Farc fizeram recentemente na fronteira norte do Brasil, e ameaçar populações indígenas indefesas, que tiveram de se refugiar numa guarnição do Exército?

Convido o senhor Leopoldo Paulino e o ilustre prefeito de Ribeirão Preto a me acompanharem como turistas brasileiros (não como convidados da guerrilha, evidentemente, com a costumeira Garde de Corps que acompanha Manuel Marulanda ou Mono Jojoy, mas como simples cidadãos, passíveis de serem seqüestrados em qualquer barreira montada pelos facínoras das Farc) para visitar os meus familiares e amigos em cidades como Bogotá, Cali, Medellín, para poderem observar sem os óculos da estúpida ideologia o que se passa no meu país natal, o drama humano de mais de 1 milhão de pessoas pobres expulsas de suas terras por guerrilheiros e paramilitares.

Fico indignado com a atitude passiva das autoridades competentes, que permitem aos representantes da guerrilha colombiana se deslocarem impunes pelo nosso país afora, oferecendo desinformação às platéias de sindicalistas e estudantes. Bom-mocismo tem limite. O governo de Fernando Henrique Cardoso tem sido fraco em defender os interesses nacionais em face desses elementos.

Se o que o presidente da República quer é fundar, como ele diz, uma nova República, alicerçada nos princípios da democracia e do respeito aos direitos dos cidadãos, era de esperar uma atitude mais vigilante das nossas autoridades policiais federais, para que não deixassem entrar no País representantes de grupos terroristas que já têm ofendido a nossa soberania e continuam difundindo falsas informações. O que as Farc pretendem é ter no Brasil uma ponta-de-lança, a fim de neutralizar qualquer ação conjunta dos países latino-americanos contra a ameaça que o terrorismo guerrilheiro representa hoje. Com a palavra as autoridades competentes, o candidato do PT às eleições presidenciais e o presidente desse partido.

Ricardo Vélez Rodríguez - professor das Universidades Gama Filho e Federal de Juiz de Fora
e-mail: ricardo.velez@artnet.com.br

segunda-feira, março 18, 2002

COINCIDÊNCIA

E olhem só o que rolava, enquanto a gente escrevia:

18/03/2002 - 11h14
Homens atiram contra o Fórum de Itaquera (SP); três ficam feridos
da Folha Online

O Fórum de Itaquera, zona leste de São Paulo, foi alvo de diversos tiros nesta manhã. Pelo menos três pessoas ficaram feridas, segundo informações da Polícia Militar.
Um advogado teria sido atingido de raspão no rosto e outra pessoa teria levado um tiro na barriga, segundo a PM. Não há informações sobre a terceira vítima, socorrida por pessoas que estavam na região.
Este é o sexto atentado contra fóruns do Estado de São Paulo no último mês. A maioria dos crimes foi atribuída ao PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criminosa que atua nos presídios.
Dois suspeitos foram detidos carregando uma metralhadora. Dois dos feridos levados para o pronto-socorro Planalto.
O fórum fica na avenida Pires do Rio 3.915.

Outra vez
No dia 8 deste mês, homens em uma moto atiraram uma bomba contra o Juizado Especial Criminal, também na zona leste. O explosivo, no entanto, teria apresentado alguma falha e explodiu muito perto da moto, atingindo um veículo que estava estacionado na rua, em frente ao edifício.
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Se isso não é "estado de guerra", não sei o que é.

SÓ CONFIRMANDO

No mesmo JB de hoje, as aterrorizantes estatísticas da violência e do crime em SP, que responde por 60% da economia brasileira, preparadas pela empresa Linder e Associados - consultores de Nova Iorque na reorganização de sua polícia - e relatadas na coluna de Teodomiro Braga. Vejam só:

Violência em São Paulo
Teodomiro Braga - JB, 18/3/03

A questão da segurança pública, que elegeu Celso Pitta prefeito em 1996, emerge como um dos pontos decisivos da campanha para governador em São Paulo e poderá resultar em nova surpresa malufista nas urnas se não houver uma reversão, nos próximos meses, dos crescentes índices de criminalidade na capital e nas principais cidades do Estado.
Nas últimas semanas, o governador Geraldo Alckmin iniciou uma reação mais forte de combate ao crime, o que provocou uma sensação de que as coisas começaram a melhorar. Na verdade, não houve uma mudança efetiva na política de segurança. O governador precisará fazer muito mais para tranqüilizar a população e evitar que o desespero leve os eleitores a embarcar nas propostas demagógicas de Paulo Maluf, que já arrancou mais de 10 pontos de vantagem sobre Alckmin nas pesquisas.

A tarefa que Alckmin tem pela frente é monumental, a se medir pelo relatório a respeito da situação da segurança pública em São Paulo feito pela empresa americana Linder e Associados, que participou da implementação do programa que reduziu drasticamente a criminalidade em Nova Iorque. O estudo descreve a capital de São Paulo como um dos lugares mais perigosos do mundo e diz que partes da cidade já se tornaram ''zonas de guerra'' por causa da violência.

''É uma realidade de arrepiar'', diz o documento antes de desfilar uma série de estatísticas chocantes sobre o crime em São Paulo. A maioria dos dados refere-se aos anos de 1999 e de 2000, porque não há informações recentes que sejam confiáveis.

- Em 1999, foram registrados 9.027 homicídios no Estado de São Paulo e calcula-se que, em 2000, o número tenha ultrapassado a 12.000. Nesse mesmo ano, a cidade de Nova Iorque, que tem cerca de 45% da população de São Paulo, registrou 673 homicídios.

- Nos últimos anos, a taxa de homicídios em São Paulo cresceu muito mais do que a de aumento da população. Os assassinatos já são a terceira causa de morte no Estado.

- Em 2001, 307 pessoas foram seqüestradas no Estado. Isto equivale a uma pessoa seqüestrada a cada três horas. Somente na cidade de São Paulo, o número de seqüestros quadruplicou no ano passado, em relação a 2000.

- Ocorreram muitos outros seqüestros que não foram registrados por causa do medo das vítimas e da suspeita de cumplicidade da polícia.

- A violência criminal é alimentada pelo tráfico de drogas e pela disputa pelos pontos de venda de drogas.

- Os cidadãos de São Paulo não somente convivem com elevadas taxas de crimes violentos, como também vivem com medo das pessoas que têm mandato para protegê-los do crime - a polícia.

- As polícias Civil e Militar do Estado de São Paulo são citadas pelo Departamento de Estado americano como sendo das mais violentas do mundo, responsáveis por centenas de assassinatos de civis a cada ano.

- As polícias dos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro mataram pelo menos 1.000 pessoas em 1999 em operações chamadas ''oficiais'', fora os muitos outros assassinatos cometidos por ''esquadrões da morte'' e outros grupos criminosos que têm policiais dentre seus membros.

- Durante a década de 90, a Polícia Militar de São Paulo matou 6.672 pessoas. Em 1999, a PM paulista matou 664 civis. No primeiro semestre de 2000, matou 489 civis, num aumento de 77,2% em relação a 1999. Isto dá uma média de uma pessoa morta a cada nove horas.

- De 222 pessoas mortas pela polícia em 1999, das quais se teve acesso à autópsia, verificou-se que 51% das vítimas foram fuziladas pelas costas e 23% receberam cinco tiros ou mais.

Estas são algumas das estatísticas arrepiantes do relatório. Vale ressaltar que essa explosão da criminalidade mencionada no documento ocorreu no atual governo, que desde a morte de Covas, em março do ano passado, vem sendo comandado por Geraldo Alckmin.

A principal resposta dada pela administração Covas/Alckmin ao crescimento da violência em São Paulo foi o aumento dos quadros da Polícia Militar, que passaram de 42 mil para 88 mil homens. Incluindo a Polícia Civil, são mais de 130 mil policiais. Segundo os especialistas da Linder, aumentar o efetivo policial sem a implantação de uma eficiente política de segurança, que inclua a criação de um sistema de informações integradas sobre criminalidade, só contribui para gerar ainda mais violência.

Foi isso, segundo eles, que ocorreu em São Paulo.

TOTAL LUCIDEZ

Importantíssimo e muito lúcido, o artigo publicado no JB de hoje pelo ex-embaixador Pio Corrêa, acerca da violência e da criminalidade no país, hoje sem nenhuma dúvida o maior problema da população brasileira, (excetuando-se a fome e a falta de educação que ainda persistem em núcleos específicos). Fico feliz de ver ali muitas coisas que já vinha escrevendo neste blog.

Partidos do Crime
M. Pio Corrêa

O senhor ministro da Justiça, segundo publicado na imprensa, disse que as ações do PCC (Primeiro Comando da Capital) “preocupam muito o governo”. Não é para menos. Mas o senhor ministro, tão “preocupado” com o PCC, pode preocupar- se também com as atividades de outros Partidos do Crime, que atualmente multiplicam-se. Além do PCC temos hoje o CDL (Conselho Democrático da Liberdade) e o CRBC (Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade). Isso em São Paulo. No Rio de Janeiro, já temos as siglas CV (Comando Vermelho), TC (Terceiro Comando), ADA (Amigos dos Amigos). Pode não estar longe o dia em que todas essas siglas venham a ser registradas oficialmente como representando partidos políticos, congregando extenso eleitorado cativo nas favelas de nossas cidades.

No Estado de São Paulo, nem na cadeia há segurança. Em todos os presídios do Estado, detentos assassinam outros presos (às vezes com requintes de ferocidade, como no caso do detento do qual seus matadores deceparam a cabeça e arrancaram o coração). As rebeliões em presídios são diárias, e acompanhadas pela morte de vários detentos, chacinados por seus companheiros. Tudo isso nas barbas das autoridades penitenciárias, que, aliás não têm mais autoridade alguma. O líder da rebelião no Cadeião de Pinheiros, ao ser transferido para outro presídio, anunciou que iria para lá, no seu lugar, outro integrante do PCC, que irá “assumir o comando da cadeia” – segundo entrevista concedida à reportagem do Estado de S. Paulo por outro detento, por meio de telefone celular. Aliás, tudo é comandado, de um presídio para outro, via telefones celulares. As autoridades informam que o único meio de impedir essas ligações seria a instalação em cada presídio de aparelhos capazes de interferir nas ligações dos celulares de posse dos senhores detentos. Pareceria que houvesse um meio mais simples: a apreensão dos celulares nas celas (como chegam lá?) e impedimento da introdução de novos aparelhos, mediante rigorosa revista dos visitantes. Mas está bem claro que as autoridades(?) não têm coragem de to-mar tais medidas, temendo por suas vidas no caso de novas rebeliões.

Com razão “preocupa-se” o senhor ministro da Justiça. Talvez seja para Sua Excelência o momento de cogitar de uma ação federal, ante a impotência das autoridades estaduais, para desbaratar todos esses Partidos do Crime – dos quais já existe um também no Paraná – o Primeiro Comando do Paraná (PCP). Com a palavra o senhor ministro da Justiça. A verdade é, visivelmente, que tan-to em São Paulo como no Rio de Janeiro, as forças da ordem, as autoridades legítimas, acham-se na defensiva ante o poder e a audácia crescentes do crime organizado. Policiais são caçados e abatidos pelo simples fato de serem identificados como tais. Tribunais são invadidos por bandidos armados e advogados são abatidos em pleno fórum da Justiça. O crime organizado ordena o fechamento do comércio de bairros inteiros – e é obedecido. Representantes do povo, ocupantes de cargos eletivos, são seqüestrados e assassinados. Ao mesmo tempo que campeia verdadeira guerrilha urbana facinorosa em nossas cidades, uma guerrilha rural invade propriedades, planta e pastoreiaem terras alheias, expulsando delas os legítimos donos.

Há muito tempo venho defendendo a idéia da criação de uma Polícia Federal militarizada para apoiar, com fortíssimo armamento e apetrechamento, a ação das polícias estaduais, que vêm fazendo das tripas coração para desempenhar honestamente a sua função. Elas também devem ser reforçadas e providas dos melhores meios para dar com-bate ao crime. Mas, a meu ver, uma for-te milícia federal indispensável para as duras batalhas que será necessário travar para impor em todo o território nacional o império da lei e garantir a segurança dos cidadãos. Essa força poderia, ser apoiada, instruída, e talvez enquadrada pelas Forças Armadas, que “são do ramo”. O seu recrutamento deveria obedecer a critérios de ordem física, intelectual e moral. A bacia de captação para a milícia poderia mesmo contar, em primeiro lugar, com reservistas das Forças Armadas. Só a Brigada Pára-Quedista do Exército licencia, cada ano, 1.200 reservistas da melhor qualidade, homens de excelente físico, acostumados ao perigo e amando os desafios. Outra fonte importante seria o Corpo de Fuzileiros Navais, tropa de elite, afeita a operar em condições difíceis. Não olvidando os reservistas dos batalhões de Operações Especiais do Exército, e os dos vários batalhões da Polícia do Exército.

Essa nova, inteligente e aguerrida Força Federal deveria usar com orgulho uma farda respeitada pela população civil, e conquistar a confiança e a cooperação desta. Seria ela um aríete invencível contra as tropas da criminalidade, operando outrossim em íntimo convívio com as populações. Apoiada, evidentemente pelos serviços de inteligência das Forças Armadas e das Polícias Militares. Uma presença permanente dela no terreno, intercalada, se preciso, com “missões de busca e destruição de quadrilhas”, afiançaria o império da lei e a autoridade dos governos estaduais. Nossas prisões têm paredes porosas – mesmo quando não derrubadas por marginais. Ali entram livremente armas, drogas e telefones celulares. Dali saem, quando querem, bandidos de toda espécie. Além disso, nossos cárceres não oferecem segurança para os infelizes detentos. Parece ser urgente, portanto, a construção de um superpresídio de segurança total, em local isolado, de difícil ingresso e mais difícil egresso.

M. Pio Corrêa é embaixador aposentado
JB, 18/MAR/2002

segunda-feira, março 11, 2002

OUTRA TRÉGUA

Meus últimos comentários tem sido meio amargos, em vista do medo de perder a cidade que tanto gosto para os bandidos que a infestam, fazendo da violência contra a vida uma coisa muito banal. Embora o espírito do blog seja chamar a atenção e cobrar das pessoas, principalmente das públicas, suas atitudes e atuação, às vezes enche.
Então decidi postar hoje uma imagem, num angulo que considero o que melhor representa a beleza indestrutível do Rio de Janeiro.

quarta-feira, março 06, 2002

O ABSURDO ELEVADO A "N"

Hoje no O Globo, um leitor mandou a carta que eu queria ter escrito, depois de vir vendo a polícia do Rio levar tanta mão na bunda dos traficantes cariocas. Eu havia feito ontem comentário a respeito da picape com um rifle num tripé. O cara foi mais fundo no detalhe. Era uma metralhadora!

Leiam a transcrição da carta BONDE NO RIO, de Nélio Pereira de Menezes:

Não sei o que espera o Exército para agir. Bandidos estão armando verdadeiras operações de guerra, com carros equipados com metralhadoras montadas em tripés sobre a carroceria de caminhonetes. Sairam em comboio de 27 motos e 16 automóveis. Saquearam vários bairros e aterrorizaram cidadãos de bem. O que eles esperam? Uma declaração de guerra emitida pelo tráfico? Por que em vez de ficarem atormentando a vida das pessoas que passam de carro pela Vila Militar não vão para as ruas coibir o terrorismo que já está instalado?

Concordo em gênero, número e grau. Aparecerão inúmeras "otoridades" falando do porque o Exército, não pode, não deve, não tem o dever constitucional de, etc etc etc, ir para as ruas. Mas o fato é que, se o que está em jogo é a tranqüilidade da população e antes de tudo, a necessidade básica de dar um PAU bem dado nos traficantes e na bandidagem de modo geral, que se danem as regras.E que vá guerrear quem entende de guerra. E esta já está mais do que declarada. E nós, civis e leigos, não podemos lutá-la.

A sociedade precisa pressionar pela REAÇÃO USANDO A FORÇA contra os bandidos, pois como já dizia (e hoje, satisfeito, revi a citação pichada em vários muros, na subida do Alto da Boa Vista) o grande filósofo Sivuca, "bandido BOM é bandido MORTO".

Pressionemos, pois.

terça-feira, março 05, 2002

UMA DENTRO

Enfim, uma boa notícia.

No dia de hoje a polícia paulista, antecipando-se a um fato, conseguiu cercar e na troca de tiros, fuzilar a 12 bandidos que se preparavam para assaltar um avião pagador no Aeroporto de Sorocaba. Seria, caso consumado, e nas minhas contas, o quinto assalto a aviões pagadores, sendo que jamais se soube de notícias sobre os anteriores. Embora a interceptação destes bandidos tenha sido obra do acaso, pois os policiais, tendo recebido informação sobre a tentativa, ainda estavam numa praça de pedágio aguardando outros colegas para juntos, surpreenderem os assaltantes dentro do próprio aeroporto, isso não diminui em nada a importância do ocorrido.
Somente com a morte desses bandidos, e quanto maior o número, melhor em todos os sentidos, é que a sociedade poderá começar a ter uma leve sensação de estar sendo protegida, aliviada, vingada, enfim. E antes que qualquer grupo venha a se manifestar CONTRA a atuação policial, é necessário dar a estes bravos os nossos parabéns, nosso suporte e aprovação.

Desta vez não houve nenhuma morte do lado do bem, coisa infelizmente mais do que corriqueira nesse tipo de confronto. Não é incomum que as baixas entre os policiais sejam maiores, haja vista o maior treinamento, o armamento mais sofisticado e a maior capacidade de fogo dos bandidos em qualquer lugar do Brasil, pois independem de burocracia e de verbas para comprar o que há de mais moderno em armamento. Tanto é que, num "bonde do terror", num comboio de traficantes que decidiram tomar um morro vizinho de assalto numa dessas madrugadas - como reportou um jornal carioca - havia uma camionete com nada menos do que um fuzil de alto poder de fogo, montado em tripé fixado na caçamba. Mais um passo e virão num carro blindado com uma torreta e talvez até um canhão, tal a velocidade com que avançam, perante o passo arrastado de caramujo das polícias.

Uma notícia como essa, oriunda de São Paulo, enche aos brasileiros de esperança na reação, que já não é sem tempo, do corpo policial às inúmeras vezes que a bandidagem passou a mão na sua bunda.

Que as almas desses 12 bandidos possam descansar em paz, mas lá no calor das fornalhas do quinto dos infernos.