quinta-feira, junho 02, 2011

CONFUSÃO INFERNAL

Confesso que estes tempos modernos aqui no Brasil estão me deixando muito, mas muito confuso. Só tenho uma certeza no momento: que a culpa é do PT, com sua "política" de "integração", boa para o povo mambembe (sem que nisto vá nenhum preconceito, apenas uma figura de expressão) que lhe dá muitos ouvidos - e alguns olhos, sendo esta experiência em tudo danosa no curto prazo. E aquela, totalmente incapacitante, para o resto da vida dos nativos sob essa influência.

Pelo "programa" do PT, o Brasil se transformará no país com o maior grau de liberdade "do Mundo", onde todos serão iguais - no que se tem de pior -, e respeitados em suas mais estranhas formas e tipos, criando-se assim a perfeita Utopia planetária. A maravilha, inatacável sob qualquer ótica humanitária, de um ambiente construído sobre os alicerces fincados pelos mais esclarecidos intelectuias do Partido, que buscam implantar subliminarmente no populacho o seu Projeto Jabuticaba. Só existe aqui.

Pelo andar das coisas, nada mais será proibido no Brasil, em nome dessa liberdade absoluta. Que no entanto preservará, com unhas e dentes, as "minorias" de todo o resto da população. Subvertendo qualquer lógica, providenciar-se-á algo como uma espécie de HUBAMA, poderoso órgão central encarregado de fiscalizar toda e qualquer manifestação que possa colocar em risco a integridade física, mental, espiritual, o escambau, (escolham), de qualquer pessoa "humana" (sic) que não seja normal, em prejuízo da grande maioria das outras gentes que não tenham qualquer "idiossincrasia" que as classifique como aptas a pertencer a um dos grupos sob proteção.

Tudo o que há de pior, dos analfabetos totais, parciais ou funcionais aos estupradores de criancinhas, passando por uma vastíssima gama de seres "diferenciados", como todos aqueles que tem uma sigla para denominá-los, além das putas, dos traficantes, dos incapazes físicos, dos gordos, dos magros, dos coloridos de qualquer matiz que não "brancos", dos de quaisquer classes econômicas abaixo da letra B, dos viciados em drogas pesadas, dos assaltantes de banco, dos assaltantes do Erário, dos assassinos nacionais e estrangeiros, dos dinamitadores de caixas eletrônicos, dos índios e quilombolas verdadeiros ou de araque, dos invasores de terras alheias, dos invasores de nossos morros e nossas matas para fazerem barracos e depois vende-los (fazendo outro em seguida), dos derrubadores de mata nativa e virgem para retirar madeira, dos idem idem para plantar soja, arroz e cana, etc etc etc, tudo o que for uma aberração se comparado com padrões internacionais de existência e convivência terá a proteção dos sábios petistas, que acham que é preceito basal do "Comunismo" igualá-los, valorizá-los, integrá-los. Às custas de quem PRODUZ, PAGA IMPOSTO e OS SUSTENTA!

Exemplo: só no Brasil um Governo tem o desplante de pagar um salário às familias de detentos, de infratores da lei que cumprem suas penas em prisões, fazendo com que os demais míseros familiares, imediatamente, deixem de ser críticos do comportamento dos seus "elementos", meio que conformados com a contrapartida que receberão, caso algum deles "vacile" e seja preso. Notem a subversão de valores que medida "social" como essa causa na percepção de jovens ainda em formação. Assemelha-se a algo como ver no poder um presidente da república que nunca estudou ou trabalhou.
Esse é o grande dano causado às crianças no Brasil de hoje. É a mais completa subversão de valores já vista em toda a história.

Em tempos de dissonância cognitiva galopante, estamos nos deparando com situações cotidianas limite, onde o razoável é a exceção e o normal e o que é certo, historicamente, deve ser contestado, afrontado, vilipendiado. E o errado, exposto de modo às vezes desafiadoramente cru e grotesco, como que para causar impacto; ou, às vezes fantasiado de "atual", "moderno", "avançado", "progressista". E tudo em nome dessa pretensa liberdade, inexistente em qualquer outra civilização decente.

Dois exemplos de agora me enlouquecem pela falta de nexo:

1. É notícia nas primeiras páginas de vários jornais a presença, no Rio de Janeiro, do rapaz Leandro Cerezo (filho do ex-jogador de futebol Toninho Cerezo). Essa pessoa, que se declara "transsexual" (afirmando ser mulher em sua essência) vem sendo paparicado/a como a uma estrela, ocupa a suíte-presidencial do mais famoso Hotel da Cidade e, além de ganhar uma bela soma para chamar a atenção dos brasileiros, reportadamente desfila de biquíni numa feira de moda. Mesmo que, para isso, precise amarrar, esparadrapar, entubar, enfim, o seu membro viril, como declarou aos mesmos jornais que lhe deram atenção. Ora, me pergunto, quem lucra com isso, com o comportamento diriamos "glamuroso" do rapaz/moça?
A indústria de tecidos - provavelmente elásticos - com o quais os trajes de banho são feitos? As indústrias de ceras depilatórias ou de aparelhos de barbear? As sapatarias especializadas em grandes pés "femininos"? Ou a própria indústria de biquínis, interessada num novo público-alvo, os rapazes alegres que, agora incentivados, passarão a usar maiôs de duas peças nas praias e piscinas? E bem do seu lado, caro leitor...

Acresça-se a isso, como se fosse possível piorar o quadro acima, outra deletéria presença, também amplamente divulgada, um dito célebre fotógrafo internacional - conhecido como "porno-fotógrafo" por sua notória especialização na disciplina.
E há total cobertura de seu trabalho, quando aparece clicando "aquele ser humano", membro de uma das minorias protegidas, amplamente visível. Como um bom exemplo da "integração", "aceitação", "dignidade" sociais. Como desejam, no fundo (sem trocadilho), aqueles ideólogos.

Não sou capaz de dizer exatamente que setores se beneficiam com isso, mas sei os que são barbaramente destroçados com atitudes "estranhas" do genero. Se se presume que haja momentanea exposição das marcas comerciais que patrocinam comportamentos assim deprimentes, o dano causado às crianças, aos adolescentes e à parte da população adulta que, carente de estudo ou formação, aceita ser tangida como gado e percebe isso como a "normalidade", é definitivo. Repito, para ficar claro: o dano que se está permitindo causar a essas cabecinhas é incomensurável.

2. As tentativas governamentais de tanger cabeças "despreparadas" desde cedo, apresentando-lhes como normais coisas que em nenhum outro lugar o são, demonstram as más intenções de quem as pratica. E é com as faces mais duras que se apresentam quando são interpeladas a respeito. As tônicas, repetidas à exaustão, são: integração social, aceitação civil, dignidade do ser humano, por aí... Ninguém aguenta mais essa desfaçatez.

E ainda nos exemplos: a distribuição, a jovens alunos (a partir de 11 anos de idade) em plena formação do caráter, do kit-gay, um material que, sem meias palavras, incentiva ao homossexualismo como se o padrão normal fosse esse e os demais, os intolerantes.  Mais uma vez gastaram-se milhões do dinheiro público para atender à noção distorcida que permeia a idéia da "liberdade" petista. Queria ver o que o prócer deles, Fidel Castro, acharia dessa situação.

Acontece, agora também, a mais absurda tentativa de justificar-se o injustificável, em termos educacionais, para sancionar a total incompetência do Governo em ajustar o nosso ensino fundamental aos padrões aceitos no resto do mundo civilizado. Reprovado ano após ano nos concursos avaliatórios da qualidade do seu ensino, o país ora vem baixando padrões em vez de aumentá-los (ou mantê-los, vá lá), de modo a permitir que mais e piores alunos se sintam alfabetizados, educados, ou, de novo, "incluídos", mesmo que não saibam escrever seus nomes.

Depois de retirar das exigências mínimas a seus candidatos a diplomatas, o prévio domínio da lingua inglesa - apenas porque detestam os americanos e acham que isso agradaria ao resto do mundo comunista, como demonstração última de independencia e dessa nossa "liberdade" -, é o ensino primário da língua portuguesa que vem sendo desmerecido. Isso serve secundariamente para igualar os estudantes ao seu ex-presidente, assim justificando também aquele erro dentro de todos os outros.

E para isso, não hesitaram em gastar reais a milhão para comprar (e pior ainda, distribuir) um livro didático, empoladíssimo, que sanciona o uso ERRADO da língua, sob a alegação pífia de que em assim agindo, estaria havendo a "aceitação, inclusão, integração, valorização, dignificação, etc etc etc" (de novo, escolham) social do elemento.

Que será o maior prejudicado pelos antolhos complacentes do governo. No entanto, se o plano geral der certo, haverá para ele uma posição garantida, vitalícia, no Itamarati ou quem sabe na Presidência da República. Desde que vote no PT, aceite o PT como seu pastor, permanecerá para sempre feliz. Pastando.

Trouxe umas linhas do livro, chamado de "Por uma vida melhor" e fiz uma adaptação rápida juntando as subliminares "atividades" governamentais expostas em 1 e em 2 acima, e a coisa ficou assim, baseada nos parágrafos mais perniciosos da publicação que Fernando Half-dad patrocinou com o "teu" dinheiro, caro leitor:

"Os biquinI estampado mais interessante estão emprestado'. Você pode estar se perguntando: 'Mas eu posso falar 'os biquini'?'.' Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico. Muita gente diz o que se deve e o que não se deve falar e escrever, tomando as regras estabelecidas para a norma culta como padrão de correção de todas as formas linguísticas. O falante, portanto, tem de ser capaz de usar a variante adequada da língua para cada ocasião".
"Na variedade popular, contudo, é comum a concordância funcionar de outra forma. Há ocorrências como: 
Nós pega o pau. - nós (1ª pessoa, plural); pega (3ª pessoa, singular)
Os menino paga pau. - menino (3ª pessoa, ideia de plural - por causa do "os"); pAga (3ª pessoa, singular).
Nos dois exemplos, apesar de o verbo estar no singular, quem ouve a frase sabe que há mais de uma pessoa envolvida na ação de pegar o pau. Mais uma vez, é importante que o falante de português domine as duas variedades e escolha a que julgar adequada à sua situação de fala".
"É comum que se atribua um preconceito social em relação à variante popular, usada pela maioria dos brasileiros. Esse preconceito não é de razão linguística, mas social. Por isso, um falante deve dominar as diversas variantes porque cada uma tem seu lugar na comunicação cotidiana".
Assim é que, sempre interessada em resolver o pretenso problema social da população, ao invés de lhe dar os meios para educar DEVIDA e ADEQUADAMENTE as crianças (essas pobres gerações futuras que herdarão o Brasil como se afigura), a turba delirante do partido do Governo e seus magos da comunicação simplesmente atuam de forma cosmética, contornando os problemas. Pior, distribuindo farta esmola institucional, sem qualquer contrapartida, adulando a enorme manada de beneficiários para garantirem sua perpetuação pelos próximos mandatos.

E em alguns anos, poderemos ler nos jornais sobre a pergunta feita pelo filho(a) de algum(a) cantor(a) popular, um outrora embrião "pink" (assexuado), que 16 anos antes havia sido enxertado diretamente no útero artificial de um(a) travesti somali de fama internacional. Récem-chegado(a) da Lapônia do Meio, onde filmou seu primeiro papel - como um pinguim rebelde - assim dirigiu-se ao parente próximo:

"Pãe, tá certo eu falar "os menino nos meu país dá o cú"?

quarta-feira, junho 01, 2011

OUTRO DE TACAPE NA MÃO: ROBERTO DA MATTA, IMPERDÍVEL

Um artigo sem reparos, exceto no título. O certo, para a norma inculta petista seria "Samo" e não "Somo". O resto, impecável.

"SOMO TUDO PALACIANO"

por Roberto da Matta, no O GLOBO, em 06/11/2011

Com o devido respeito, mas nessa era petista, quando misturamos o pior do mercado com o mais desonesto estatismo, o caso Palocci ultrapassa a trivial suspeita de enriquecimento indébito. Ele contempla aspectos típicos do lulopetismo, bem como o passado do suspeito, mas vai adiante. Mais uma vez ele nos põe diante de nós mesmos, já que todos somos palocianos ou palacianos e temos a certeza de que, uma vez na panelinha, a "ética da condescendência" que sustenta o nosso espírito ainda patronal-escravocrata salva qualquer um do inferno. Mesmo quando se fala errado e relativiza-se o moralismo da língua culta, vendendo (eis o que conta) milhares de livros ao Ministério da Educação. A questão, entretanto, é que esse aumento patrimonial comicamente extraordinário abre uma porta sequer ventilada pela teoria política nacional.

Refiro-me ao fato de que, no Brasil, o Estado não é um instrumento da burguesia, como manda o velho Marx. É, isso sim, um veículo de enriquecimento e de aristocratização de seus funcionários, na razão direta de sua importância dentro das suas burocracias. Basta tabular o aumento patrimonial dos seus membros situando o quanto possuíam e quanto eles amealharam depois que cumpriram os tremendos sacrifícios de fazer parte do poder para verificar o triunfo da mendacidade com o povo, pelo povo, e para cada um de deles!

Na relação até hoje mal estudada entre o Estado (com suas leis) e a sociedade (com seus costumes e tradições), esses casos revelam algo típico da tal América-Latina: o fato de que o Estado é hierarquicamente superior à sociedade. Ele traz à tona o mito segundo o qual, quando Deus nos inventou, Ele primeiro fez o Estado (com seus caudilhos, ministros, secretários, puxa-sacos e toda a malta que estamos fartos de conhecer), e depois fez uma desprezível sociedade com a sua miscigenação, os seus burgueses, sua abjeta classe média e a massa de miseráveis com escolas (mas sem professores respeitados e bem pagos); com hospitais (mas sem médicos); com delegacias (mas com policiais bandidos) e com essa esquerda autocomplacente que inventou a bolsa-ditadura, que anistia destruidores da floresta e que ama o atraso.

Quando surge a suspeita de um enriquecimento ridiculamente excepcional, como esse de Antonio Palocci - imagine, leitor, você em quatro anos ter mais 19 apartamentos, mesmo pequenos como o seu! -, batemos de frente com um aspecto pouco visto. Refiro-me ao fato de tanto a direita quanto o centro e a esquerda serem todos viciados em Estado! A estadofilia, estadomania e estadolatria é o cerne do nosso republicanismo, é ele - supomos! - que vai corrigir a sociedade. Por isso é centralizador, autoritário e perdulário. Ele usa leis para não mudar costumes.

Num país do tamanho do Brasil é impossível não desperdiçar recursos com a centralização. É impossível controlar de Brasília o que se passa no cu de judas! Mais: nada melhor para a ladroagem, para o tráfico de influência e para o furto cínico dos dinheiros do povo do que essa concepção de um Estado autista, com razões que só ele conhece. Um órgão engessado em si mesmo e avesso ao mercado e a qualquer tipo de controle, competição ou competência. Tudo isso que o lulopetismo endossou por ignorância e/ou malandragem, mas que ainda goza de um inigualável prestígio junto da nossa opinião pública dita mais esclarecida que tem horror ao mercado.

Por quê? Porque esse é o resultado da operação de um Estado feito de parentes e amigos que eram de sangue e hoje - eis a contribuição petista - são ideológicos. Um Estado autocomplacente e referido, como mostra esse vergonhoso governo de coalizão que serve primeiro e si próprio, depois a si mesmo e, em terceiro e último lugar, aos seus adoradores. Jamais lhe passa pela sua cachola, cheia de prêmios a serem distribuídos aos seus compadres, servir à sociedade que o sustenta.

Numa estadolatria, há alergia a competição e a seguir o básico das repúblicas: atribuir responsabilidade. Daí o "eu não sabia", pois todos concordam com o descalabro, mas nada acontece. Como punir o ministro? Como sair de um viés aristocrático que foi justamente a matriz social dos republicanos que queriam ser presidentes, fiscais do consumo, embaixadores, ministros do Supremo e senadores? As mensagens não passam nessas redes administrativas em contradição cujos agentes sabem que enriquecer fácil significa criar dificuldade para vender facilidade. Algo simples de fazer nas sucessivas aristocracias que têm usado o liberalismo político como um disfarce para assaltar o Brasil. Em outras palavras: o governo dá para seus filhos; nós, os trabalhadores assalariados que não temos cláusulas secretas com quem nos paga, como é o caso do Palocci, pagamos a conta!

Será que ninguém sacou a burrice de aplicar marxismo burguês a um Brasil tocado a escravidão? Um país com uma burguesia contra máquinas e toda ela apadrinhada por si mesma? Eu fico com vergonha ao ler como a nossa burguesia é reacionária quando sei que a modernização política do Brasil foi feita por um avô fujão, por um filho mau-caráter e por um neto que não sabia o que acontecia em sua volta. A partir das repúblicas de 89, contam-se nos dedos os administradores e políticos que não multiplicaram por 20, 200 ou 2.000 seus patrimônios graças ao controle de um pedaço do Estado!

Palocci é juvenil perto dos outros que, se citados, tomariam todo o espaço de um jornal. Aguardo suas explicações que serão normas de ouro para o enriquecimento blitzkrieg.

DORA KRAMER: SARNEY AINDA CONSEGUE SE REBAIXAR

Dora tem "o" dom. De escrever fácil, descomplicado e com uma ironia finamente trabalhada. É um dos grandes prazeres que um membro da "zelite", daqueles que fazem os plurais direitinho, pode se proporcionar. Aqui arrasa com o inqualificável presidente do Senado, cujo nome não proferirei nem debaixo de pancadas. Se esse artigo não é da categoria "sensacional", não sei mais nada. Lindo, Dora!

"EXEMPLO DE SUPERAÇÃO"

José Sarney recuou da eliminação do impeachment de Fernando Collor da galeria de painéis sobre fatos importantes ocorridos na história do Senado porque não quis abrir espaço às críticas que, percebeu pelas primeiras reações, viriam fortes.

Dada a sua convicção externada no dia anterior sobre a inconveniência de expor tal "acidente" – como definiu o impedimento – continua valendo a crítica. Portanto, vamos a ela. O mensalão não existiu e o impeachment de Collor não aconteceu. Se porventura há registro dessas ocorrências, senhoras e senhores, esse é um detalhe que não deve ser levado em conta porque não engrandece a História do Brasil.

Quando a gente pensa que o presidente do Senado já esgotou todas as possibilidades de dilapidação da própria biografia, eis que ele se apresenta na plenitude de sua capacidade de superação e desce mais um degrau.

Escritor, bom no ofício de manejar as palavras, resolveu se aventurar no terreno da censura. Uma contradição em termos, não fosse ele na política uma contrafação da persona lhana que construiu para se relacionar com o mundo das ideias.

O caso o leitor e a leitora já conhecem: o impeachment de Collor foi retirado da galeria de painéis, denominada "túnel de tempo", que retratam fatos importantes da história do Senado. Ato assim justificado pelo presidente da Casa: "Não posso censurar os historiadores encarregados de fazer a história. Agora, eu acho que talvez esse episódio seja apenas um acidente e não deveria ter acontecido na História do Brasil". Se pudesse, como se vê, censuraria os historiadores. Estando essa hipótese fora de seu alcance, faz o que pode e subtrai do Senado uma parte de sua própria história.

Em nome do quê? De uma cláusula pétrea no regimento do atraso: aos amigos tudo, aos inimigos a lei.

Collor, que fez campanha anarquizando com a figura de Sarney chamando-o de "batedor de carteira da história", agora senador juntou-se à tropa de Sarney como já havia feito Renan Calheiros, seu parceiro da época em que enxovalhar o então presidente era uma via de acesso fácil ao êxito eleitoral. De onde José Sarney achou por bem se escorar no exemplo de Lula e simplesmente reescrever a História do Brasil a seu modo.

O impeachment de Collor não é, na visão de Sarney, o fato inédito de um presidente interditado dentro da legalidade sem a ocorrência de crise institucional, referido mundialmente como um exemplo de maturidade na recém-reconquistada democracia brasileira. Passa a ser mero "acidente" a respeito do qual a incorporação de Collor à turma de Sarney impõe o esquecimento.

Aconteceu? Mas não deveria e por isso, de acordo com delírios absolutistas muito em voga, não merece registro. Sarney já foi merecedor do reconhecimento de seu papel fundamental na transição democrática, mas por suas repetidas iniciativas acaba dando margem a que se considere sua passagem pela Presidência da República como um mero acidente que talvez não devesse ter acontecido.