Os meus cabelos estão ficando arrepiados na nuca. As coisas estão acontecendo muito mais rapidamente do que o Governo tem condições de enfrentar e para piorar, a atuação silenciosa e constante de elementos infiltrados na imprensa de modo geral se encarrega se minimizar, mastigar, arredondar notícias em tudo alarmantes, entregando-as ao público de maneira "amaciada", sem permitir que ostentem sua verdadeira urgência, premência ou perigo.
Alguns jornais ainda abrigam articulistas, ou convidam que se manifestem pessoas, que se esmeram na luta para abrir os olhos do povo, principalmente o da classe média que lê jornal mas não consegue distingüir bem o preto do branco, mas é um segmento que tem força na hora de votar. Transcrevo então artigo publicado na Folha da Tarde de 16/3, que é bastante eficiente ao alertar contra o que se está preparando na moita, na surdina, bem nas barbas do governo.
Mas precisamos, em conjunto, falar mais, discutir mais, escrever mais para os jornais, fazendo mais barulho e repudiando em bom e audível tom o que nos desagrada, perturba ou assusta. Questionemos pois as autoridades antes que seja muito tarde.
É uma leitura importante. Sua divulgação, prioritária.
Farc em Ribeirão Preto
Como se já não fosse difícil a situação de insegurança que vive o Estado de São Paulo, às voltas com guerrilheiros chilenos seqüestrando empresários, atentados contra a Justiça e a polícia sendo perpetrados pelos bandidos do PCC, rebeliões constantes em cadeias públicas coordenadas por essa facção criminosa, "bondes do mal" organizados por estes facínoras para praticar assaltos milionários, seqüestros e assassinatos cometidos por criminosos comuns, a prefeitura petista de Ribeirão Preto acaba de dar a sua colaboração à anarquia geral, autorizando a inauguração, dia 20 deste mês, de um Comitê de Apoio às Farc. Irresponsabilidade tamanha só merece o repúdio das pessoas de bem. Porque organizar um tal comitê não é nada mais do que se solidarizar com criminosos que praticam sistematicamente os piores crimes (seqüestros e assassinatos indiscriminados de civis desarmados, além de financiarem as suas atividades destrutivas com o tráfico internacional de drogas). Só muita ignorância ou muita má-fé podem explicar essa atitude.
A decisão é particularmente grave, pois não se trata de um município qualquer que aprova medida tão descabelada, mas de uma importante cidade do interior paulista, sendo o secretário Leopoldo Paulino (que propôs a asneira) estreito colaborador do prefeito Palocci Filho, que por sua vez desempenha a importante tarefa de coordenar o programa de governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Não adianta que alguns membros do comando petista tenham se pronunciado contra, se o próprio Lula e o presidente nacional do Partido, José Dirceu, ficaram mudos feito ostras. Pela gravidade do assunto, eles deveriam, pessoalmente, desautorizar tamanha burrice. Calar é consentir. E consentir em apoiar as Farc sinaliza, à opinião pública brasileira, qual será o caminho que podemos esperar, caso Lula ganhe as eleições.
As Farc constituem, hoje, o mais agressivo grupo terrorista da América Latina. Porque terrorismo é o que esses assassinos praticam. Ou não é terrorismo envenenar a água de cidades inteiras, como as Farc fizeram em Pitalito (cidade colombiana de aproximadamente 100 mil habitantes)? Ou não é terrorismo assassinar a sangue-frio vários congressistas? Ou não é terrorismo seqüestrar uma candidata de esquerda independente à Presidência da República? Ou não é terrorismo bombardear indiscriminadamente cidades do interior, matando mulheres, velhos e crianças, para apagar do mapa as delegacias policiais? Ou não é terrorismo tentar destruir a maior represa que abastece de água Bogotá, a capital do ensangüentado país, com 7 milhões de habitantes? Ou não é terrorismo invadir um país vizinho, como as Farc fizeram recentemente na fronteira norte do Brasil, e ameaçar populações indígenas indefesas, que tiveram de se refugiar numa guarnição do Exército?
Convido o senhor Leopoldo Paulino e o ilustre prefeito de Ribeirão Preto a me acompanharem como turistas brasileiros (não como convidados da guerrilha, evidentemente, com a costumeira Garde de Corps que acompanha Manuel Marulanda ou Mono Jojoy, mas como simples cidadãos, passíveis de serem seqüestrados em qualquer barreira montada pelos facínoras das Farc) para visitar os meus familiares e amigos em cidades como Bogotá, Cali, Medellín, para poderem observar sem os óculos da estúpida ideologia o que se passa no meu país natal, o drama humano de mais de 1 milhão de pessoas pobres expulsas de suas terras por guerrilheiros e paramilitares.
Fico indignado com a atitude passiva das autoridades competentes, que permitem aos representantes da guerrilha colombiana se deslocarem impunes pelo nosso país afora, oferecendo desinformação às platéias de sindicalistas e estudantes. Bom-mocismo tem limite. O governo de Fernando Henrique Cardoso tem sido fraco em defender os interesses nacionais em face desses elementos.
Se o que o presidente da República quer é fundar, como ele diz, uma nova República, alicerçada nos princípios da democracia e do respeito aos direitos dos cidadãos, era de esperar uma atitude mais vigilante das nossas autoridades policiais federais, para que não deixassem entrar no País representantes de grupos terroristas que já têm ofendido a nossa soberania e continuam difundindo falsas informações. O que as Farc pretendem é ter no Brasil uma ponta-de-lança, a fim de neutralizar qualquer ação conjunta dos países latino-americanos contra a ameaça que o terrorismo guerrilheiro representa hoje. Com a palavra as autoridades competentes, o candidato do PT às eleições presidenciais e o presidente desse partido.
Ricardo Vélez Rodríguez - professor das Universidades Gama Filho e Federal de Juiz de Fora
e-mail: ricardo.velez@artnet.com.br
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Há 3 anos
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