No mesmo JB de hoje, as aterrorizantes estatísticas da violência e do crime em SP, que responde por 60% da economia brasileira, preparadas pela empresa Linder e Associados - consultores de Nova Iorque na reorganização de sua polícia - e relatadas na coluna de Teodomiro Braga. Vejam só:
Violência em São Paulo
Teodomiro Braga - JB, 18/3/03
A questão da segurança pública, que elegeu Celso Pitta prefeito em 1996, emerge como um dos pontos decisivos da campanha para governador em São Paulo e poderá resultar em nova surpresa malufista nas urnas se não houver uma reversão, nos próximos meses, dos crescentes índices de criminalidade na capital e nas principais cidades do Estado.
Nas últimas semanas, o governador Geraldo Alckmin iniciou uma reação mais forte de combate ao crime, o que provocou uma sensação de que as coisas começaram a melhorar. Na verdade, não houve uma mudança efetiva na política de segurança. O governador precisará fazer muito mais para tranqüilizar a população e evitar que o desespero leve os eleitores a embarcar nas propostas demagógicas de Paulo Maluf, que já arrancou mais de 10 pontos de vantagem sobre Alckmin nas pesquisas.
A tarefa que Alckmin tem pela frente é monumental, a se medir pelo relatório a respeito da situação da segurança pública em São Paulo feito pela empresa americana Linder e Associados, que participou da implementação do programa que reduziu drasticamente a criminalidade em Nova Iorque. O estudo descreve a capital de São Paulo como um dos lugares mais perigosos do mundo e diz que partes da cidade já se tornaram ''zonas de guerra'' por causa da violência.
''É uma realidade de arrepiar'', diz o documento antes de desfilar uma série de estatísticas chocantes sobre o crime em São Paulo. A maioria dos dados refere-se aos anos de 1999 e de 2000, porque não há informações recentes que sejam confiáveis.
- Em 1999, foram registrados 9.027 homicídios no Estado de São Paulo e calcula-se que, em 2000, o número tenha ultrapassado a 12.000. Nesse mesmo ano, a cidade de Nova Iorque, que tem cerca de 45% da população de São Paulo, registrou 673 homicídios.
- Nos últimos anos, a taxa de homicídios em São Paulo cresceu muito mais do que a de aumento da população. Os assassinatos já são a terceira causa de morte no Estado.
- Em 2001, 307 pessoas foram seqüestradas no Estado. Isto equivale a uma pessoa seqüestrada a cada três horas. Somente na cidade de São Paulo, o número de seqüestros quadruplicou no ano passado, em relação a 2000.
- Ocorreram muitos outros seqüestros que não foram registrados por causa do medo das vítimas e da suspeita de cumplicidade da polícia.
- A violência criminal é alimentada pelo tráfico de drogas e pela disputa pelos pontos de venda de drogas.
- Os cidadãos de São Paulo não somente convivem com elevadas taxas de crimes violentos, como também vivem com medo das pessoas que têm mandato para protegê-los do crime - a polícia.
- As polícias Civil e Militar do Estado de São Paulo são citadas pelo Departamento de Estado americano como sendo das mais violentas do mundo, responsáveis por centenas de assassinatos de civis a cada ano.
- As polícias dos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro mataram pelo menos 1.000 pessoas em 1999 em operações chamadas ''oficiais'', fora os muitos outros assassinatos cometidos por ''esquadrões da morte'' e outros grupos criminosos que têm policiais dentre seus membros.
- Durante a década de 90, a Polícia Militar de São Paulo matou 6.672 pessoas. Em 1999, a PM paulista matou 664 civis. No primeiro semestre de 2000, matou 489 civis, num aumento de 77,2% em relação a 1999. Isto dá uma média de uma pessoa morta a cada nove horas.
- De 222 pessoas mortas pela polícia em 1999, das quais se teve acesso à autópsia, verificou-se que 51% das vítimas foram fuziladas pelas costas e 23% receberam cinco tiros ou mais.
Estas são algumas das estatísticas arrepiantes do relatório. Vale ressaltar que essa explosão da criminalidade mencionada no documento ocorreu no atual governo, que desde a morte de Covas, em março do ano passado, vem sendo comandado por Geraldo Alckmin.
A principal resposta dada pela administração Covas/Alckmin ao crescimento da violência em São Paulo foi o aumento dos quadros da Polícia Militar, que passaram de 42 mil para 88 mil homens. Incluindo a Polícia Civil, são mais de 130 mil policiais. Segundo os especialistas da Linder, aumentar o efetivo policial sem a implantação de uma eficiente política de segurança, que inclua a criação de um sistema de informações integradas sobre criminalidade, só contribui para gerar ainda mais violência.
Foi isso, segundo eles, que ocorreu em São Paulo.
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