quarta-feira, junho 26, 2002

ATÉ A BENÉ

Estou adorando. Agora foi a Bené quem reivindicou a presença das Forças Armadas na guerra contra o crime. No JB de hoje, a Governadora já exige que o Exército, Marinha e Aeronáutica ajudem, junto com agentes da Polícia Federal e Receita, no combate à criminalidade desenfreada. Lutador histórico por isso, fico feliz que as coisas se encaminhem dessa maneira. Se não burocratizarem, coisa que já está sendo cogitada por alguns, querendo um CONVÊNIO para que essa participação militar se concretize!
NÃO PRECISA, NÃO, POIS COMO EU DISSE AQUI, É UM DEVER CONSTITUCIONAL DAS FORÇAS ARMADAS IMPEDIR A DETENÇÃO DE ARMAS POR CIDADÃOS ORGANIZADOS EM GRUPOS DE QUALQUER NATUREZA QUE AMEACEM A SEGURANÇA PÚBLICA. Então é só arregaçar as mangas, preparar as brigadas e dar um pau seguro nesses traficantes filhos-da-puta que, repito, fazem chacota de todas as instituições nacionais todos os dias. Ou reconquistamos o terreno perdido e depois os esmagamos com medidas de fundo ou preparemos nossas malas.
Só uma bela e decisiva atuação militar no combate à criminalidade devolverá a essa Fôrça, tão desgastada pela mídia (infiltrada no limite da capacidade quantitativa de empregos, em jornais, revistas e tvs) e por seu desabastecimento de recursos pelo Governo, a representatividade histórica na luta contra o que há de pior no cenário nacional: a insegurança pública e a sorrateira ocupação socialista dos meios culturais, o que certamente virá desembocar, com a anestesia geral, num regime indesejado.

segunda-feira, junho 24, 2002

ABERTURA DE CAPITAL

Procuro sócios para montar uma empresa para fornecimento de "quentinhas" para Bangu 1. Expectativa de lucro: nenhuma. Duração da empresa: umas duas entregas. Tipo de refeição proposto: altíssimo padrão, difícil digestão. Dissolução da sociedade assim que atingir seu objetivo social. Cartas para a redação. URGENTE...

domingo, junho 23, 2002

LEI DE TALIÃO

E aproveito, também do Globo de sábado, 22/6, os singelos, no sentido de diretos ao ponto, sem floreios, argumentos do ex-delegado SIVUCA, quanto ao status-quo da violencia no Rio, fruto da inação no passado, exceto quando a coisa extrapolou. Que é o que está ocorrendo HOJE!!!. E o homem entende...

Sem contemplação
por José Guilherme Sivuca, O GLOBO, 22/06/02

No auge dos anos dourados, quando os moradores das favelas e do asfalto ainda se olhavam sem medo e sem ódio, traficantes de tóxico tentaram uma nova estratégia para subjugar a sociedade. Instalaram o primeiro poder paralelo no Morro do Juramento, na Zona Norte do Rio.
A reação foi rápida. Em 1973, o Exército fechou os principais acessos enquanto policiais civis, a bordo de helicópteros, empurravam os criminosos para baixo: 64 traficantes foram presos e cinco morreram. Investimentos sociais substituíram a ação policial-militar, porque pequena parcela da sociedade reagiu à presença do Exército. Em conseqüência, novas quadrilhas invadiram o Juramento e, de lá para cá, já assassinaram mais de 500 pessoas.
Vinte anos depois, quando a polícia apreendeu o primeiro fuzil em poder de marginais no Rio, um novo crime abalou a opinião pública. O bando de Ada, que dominava o Morro da Providência, julgou, estuprou e esquartejou o corpo da detive Regina Coeli. O “julgamento” e a “sentença” tiveram como palco o Cruzeiro, onde as famílias faziam suas orações. Estava instalado o primeiro tribunal do poder paralelo condenando à morte a ré. Não faltaram, mais uma vez, os que indicaram as ações sociais como forma de resolver o problema da violência. Os índices de criminalidade continuaram crescendo no bairro da Saúde — berço do primeiro morro do Rio, o da Favela.
A memória curta da sociedade e a visão amadorística da autoridade com relação à violência impedem uma simples conclusão: os fatos de 1973 e 1992 já sinalizavam que os criminosos e traficantes ficariam mais ousados. Ao descobrirem sua força, passariam a enfrentar a polícia, a sociedade e outras instituições.
O brutal assassinato do jornalista Tim Lopes, com os mesmos requintes de crueldade da morte de Regina Coeli, mostra agora que esses monstros não se intimidam diante de uma forte instituição como a TV Globo.
Não se pode insistir na tese de que a solução para acabar com traficantes, seqüestradores e estupradores está na defesa dos seus direitos humanos.
Que diferença moral existe entre atirar contra um exército de inimigos que invade nosso país e atirar contra exército de bandidos que brutalizam trabalhadores? É por isso que eu afirmo: bandido bom é bandido morto.

SÓ PANCADARIA PESADA RESOLVE

Tenho para mim que mais e mais gente está se conscientizando do óbvio. Agora é o Jabor, que, em sua coluna semanal, considera a atuação dos militares a única forma de retomar algum contrôle ou dignidade. Como sempre briguei por isso, republico aqui em baixo sua ótima visão do mesmo problema.

A violência virou um problema de Estado-Maior - Arnaldo Jabor, O GLOBO, 17/6/02

Sempre que escrevo sobre a violência me dá uma sensação de inutilidade. Quando vejo os movimentos de solidariedade, bandeiras brancas, pombas da paz, atores nas ruas, burgueses falando em cidadania, me dá uma sensação de perda de tempo.

Nós tratamos os criminosos como se fossem “desviantes” de nossa moral, como gente que se “perdeu” da virtude e caiu no “pecado”, no “mundo do crime”. Não é nada disso. Eles são os novos empregados de uma multinacional. O único emprego que lhes foi oferecido no último século: a megaempresa da cocaína. Ela trouxe o poder sobre as comunidades que, somado à ignorância e à miséria, criou a crueldade sem limites, a bruta guerra animalesca. Os bandidos violentos são quase uma mutação da “espécie social”, fungos de um grande erro sujo do qual nós somos cúmplices.

Hoje, nós é que ficamos caretas diante deste mundo periférico que não se explica, gerando outra ética, funérea, sangrenta. A miséria armada é uma outra nação, no centro do Insolúvel.

Essa gente era anônima; estão ganhando notoriedade na mídia. São vazios objetos de uma corrente de pó; nós, pequeno-burgueses, é que víamos neles até uma vaga consciência “política” de marginais. Achamos até que eles querem calar a imprensa. Nada. Mataram por matar, chamaram o Tim de X-9 e “já era” — disseram eles. Nós é que estamos lhes fornecendo uma “ideologia”.

Mas não quero ficar deitando sociologia barata sobre a violência. Quem sou eu? Mas vejo com um mínimo de bom senso que os vilões também somos nós. Eles são a prova de nosso despreparo. Os incapazes somos nós, ainda crentes de leis inúteis, de coerções superadas, de polícias falidas.

Nós não fizemos nada quando as favelas eram pequenas. A miséria era dócil, podia ser ignorada. Agora, se não agirmos, isso vai virar uma endemia eterna. A lei não consegue nem instalar anticelulares nas cadeias e fica encenando comboios para a mídia, com cem policiais pra levar o Beira-Mar para outra cadeia.

Ninguém consegue resolver nada porque os instrumentos de defesa publica estão engarrafados numa rede de burocracias, fisiologismos, leis antigas, velhos conceitos que são facilmente superados pela eficiência “pós-moderna” dos bandidos, diretamente ligados ao ato, ao fato, à instantaneidade do mal, e sem freios éticos. Eles têm a mesma vantagem dos terroristas. Muito lero-lero racionalista ocidental, ciência, democracia e, aí, chega um arabezinho maluco com uma bomba e arrasa o shopping center.

Eles são uma empresa moderna. Nós somos o Estado ineficiente.
Eles agilizam métodos de gestão. Eles são rápidos e criativos. Nós somos lentos e burocráticos.
Eles lutam em terreno próprio. Nós, em terra estranha.
Eles não temem a morte. Nós morremos de medo.
Eles são bem armados. Nós, de “três-oitão”.
Eles ganham muita grana (Um “aviãozinho” de 15 anos ganha mais por semana que um PM por mês).
Eles estão no ataque. Nós, na defesa...
Nós nos horrorizamos com eles. Eles riem de nós.
Nós os transformamos em superstars do crime. Eles nos transformam em palhaços.
Eles são protegidos pela população dos morros, por medo ou vizinhança.
Nossas polícias são humilhadas e ofendidas por nós.
Ninguém suborna bandido. Eles compram policiais mal pagos. Um cara que ganha 700 paus por mês não tem ânimo para combater ninguém.
Eles não esquecem da gente nunca, pois somos seus fregueses. Nós esquecemos deles logo que passa uma crise de violência.
A droga e as armas vêm de fora. Eles são globais. Nós somos regionais.

Alguma vitória só poderá vir se desistirmos de defender a “normalidade” de nosso sistema, pois não há mais normalidade alguma; precisamos de uma urgente autocrítica de nossa ineficiência. O combate ao crime passa pelo combate ao nosso descaso e à nossa incompetência.

A luta contra o trafico, é obvio, começa lá longe, nas fronteiras. Por lá entram as armas e o pó. Não adianta subir e descer de morros. Temos de fechar fronteiras.

A luta contra o crime não é mais uma luta policial; não é mais a Lei contra o Pecado. Não. O crime cresceu tanto que se tornou um problema de Estado-Maior. Sim. Trata-se de uma luta política e, mais que isso, uma luta policial-militar. Acho que tem de haver, sim, uma séria articulação das Forças Armadas com as polícias. Tem de haver generais estudando estratégias e logísticas de cercos e ataques. Meses de estudo, planos secretos, dinheiro, muito dinheiro e milhares de homens com armas modernas. E tudo isso coordenado com campanhas de esclarecimento e de proteção às comunidades que eles “protegem”. “Ahh... — alguns vão gritar — o Exército não foi treinado para isso!” Pois que seja treinado. Trata-se de uma guerra. Ou não? Não combateram a guerrilha urbana, com implacável ferocidade e competência? Aposto que outros dirão: “O Exército não é para crimes comuns; é para guerras maiores...” Para quê? A invasão da Argentina? A guerra que se anuncia é subversiva no pior sentido. Não aspira a uma ordem nova. Só quer uma vingança obtusa e a manutenção da miséria como refúgio. No fundo, muitos não admitem a ação das Forcas Armadas porque desejam ocultar a derrota de um sistema legal e policial. A guerra é reconhecimento do fracasso da política. Pois que seja. Nosso fracasso tem de ser assumido. Do contrário, continuaremos atrás das grades de nossos condomínios, dizendo “Que horror!” para sempre.

Crime hediondo é que isso não seja uma prioridade nacional. A tragédia das periferias brasileiras me lembra um terremoto ignorado, para o qual ninguém enviou patrulhas de salvamento. Já houve a catástrofe e todos nós tentamos esquecê-la, trêmulos de medo, blindados, com os socialites cheirando o pó malhado de otários, perpetuando esse poder paralelo, que tende a crescer.

quinta-feira, junho 20, 2002

LINK

O Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Desembargador Marcus Faver, concorda com a proposta de acionar-se imediatamente Exército, Marinha e Aeronáutica na luta contra o trafico e seus czares. Isso pode ser lido através do link abaixo, em matéria desta data publicada no
JB.

sábado, junho 08, 2002

REAGINDO ENQUANTO HÁ TEMPO


Pouco antes de morrer há 5 anos, meu pai transferiu-me sua coleção de armas. Coleção essa composta de 3 carabinas enferrujadas, uma delas do tempo da guerra da secessão americana, mais duas garruchas imprestáveis e um rifle calibre 22, a única arma ainda em condições de tiro. Por conta desse "arsenal", para cumprir a lei em vigor e não ser preso de forma inafiançável, preciso pagar anualmente uma taxa de valor considerável e renovar minha "licença de colecionador", via um custoso despachante especializado, sem o qual não a conseguiria senão à custa de dias em filas e muita, muita paciência.
Como parte do processo o Ministério do Exército ainda envia à minha casa, o "local de guarda" da coleção, em dia e hora marcados, um sargento que procede à vistoria das armas. Uma vez satisfeitas todas as exigências, que ainda incluem todas as certidões negativas disponíveis nos cartórios e dezenas de cópias carimbadas, autenticadas e assinadas pelo bispo, fico quite com meu dever cívico. E nossa maior Arma passa então a deter, atualizado, todo esse precioso conhecimento sobre meu potencial bélico. Um primor de cuidados.

Enquanto isso, em qualquer morro ou favela das grandes cidades brasileiras há, em poder de bandidos, armas modernas de todo e qualquer tipo, modelo, alcance, origem, calibre e poder de destruição, adquiridas por contrabando, nas barbas das polícias locais, da Polícia Federal, da Receita Federal -nossa autoridade aduaneira- e muito mais grave e principalmente, nas de nossas Forças Armadas. Armamento que gera um lucro extraordinário aos peixes graúdos que controlam seu fornecimento. E que a um pedido dos compradores, em sua maioria traficantes detentores de recursos abundantes, entregam, em casa, as mais modernas armas disponíveis pelo mundo afora, o que transforma esses ratos numa força com capacitação bélica extraordinária, com o que há de melhor em armamento leve, semi-pesado e mesmo pesado. Recentemente, noticiaram os jornais cariocas que numa incursão tática para a conquista de um morro dos inimigos, a qual não sei porque me lembrou Monte Castelo, havia, montada num tripé na caçamba de uma camionete, uma metralhadora de grossíssimo calibre. Uma arma de guerra.

Cada vez que se propugna pela atuação das Forças Armadas contra o tráfico, expressão mais visível, temida e violenta da criminalidade, a resposta vem no diapasão de que não faz parte das suas atribuições constitucionais atuar contra o crime comum -como se alguém pudesse achar comuns os bárbaros crimes que assolam as vidas dos brasileiros. Então, se o motivo "crime comum" não é suficiente, está na hora de nosso Exército cumprir a mesma lei que serve para os demais cidadãos. E mandar todos os seus sargentos e tenentes e capitães e majores nas casas dessa gente, de preferência sem hora marcada, para verificar se as coleções de armas deles estão "regularizadas". E "confiscar" imediatamente as irregulares, tudo dentro do melhor espírito dessa lei. Afinal, não compete essa tarefa ao Exército?

Faz-se necessário, imperativamente, deixar de agir como se não houvesse esse enorme problema se agravando a cada instante. Exército, Marinha e Aeronáutica, com ou sem o apoio de polícias de qualquer nome, têm de recuperar o quanto antes o terreno perdido. Se o atual sistema de defesa não consegue impedir a entrada de armas, tem a obrigação de "controlá-las" no destino.

O que não se pode mais é tolerar a existência de um moderno exército (treinado inclusive através da proficiência de ex-paraquedistas, contratados pelo tráfico logo após dispensados de suas corporações), munido com a última palavra em armamentos e ainda de vasto poder aquisitivo, dentro de nossas fronteiras, das nossas cidades, de nossas vidas enfim, de braços cruzados.

Em recente entrevista na TV, o Ministro da Justiça defendeu em seu discurso a proibição da venda de armas, como uma das formas de se diminuir a criminalidade e a violência endêmicas no país.

Ouso discordar veementemente. Pois se um cidadão hoje procura comprar uma arma num estabelecimento regularizado, estará em busca de uma solução, não de criar novos problemas. Talvez ele pretenda se matar, seja por causa de dívidas que não consegue pagar -há uma parcela cada vez menor de pessoas de caráter que fariam isso, mas há- seja por ter descoberto que era traído(a) pela(o) amada(o). Mas, mais do que provavelmente, estará procurando essa arma PARA DEFENDER-SE E À SUA FAMÍLIA contra ladrões, seqüestradores, assassinos, traficantes e estupradores, entre outras categorias de malfeitores que infernizam o nosso cotidiano, coisa que as forças legalmente constituídas não conseguem fazer. Não me permito, senhor Ministro, por um único segundo sequer, admitir que bandidos comprem armas em lojas.

Está na hora de agir com vigor. Os melhores estrategistas das três forças militares, em conjunto ou não com as demais forças legais, devem iniciar incontinenti o plano de suas vidas (e das de nossos filhos e netos). Usando toda a sua inteligência e preparo de suas formações em nossas excelentes Escolas Militares, orgulho de todos.

E então, trabalhar duro nessa missão que permitirá honrar seus pais, seus mestres, seus superiores, seus filhos, seus comandados e toda a nação brasileira, através de uma reação enérgica aos ferimentos promovidos diuturnamente pela bandidagem, principalmente em nosso orgulho próprio.

E sem dar ouvidos, por um só instante, aos discursos basbaques que falam em respeitar direitos humanos de bandidos que, de maneira animal, ceifam, sem dó nem piedade, cada vez mais vidas de brasileiros inocentes.

É agir agora ou nunca mais.