Tirando a óbvia esparrela financeiro-roubanística que o povo carioca teve atolada em si, por força da implantação da Cidade da Música no pires que lhe foi reservado na Barra da Tijuca, mais me dói a ousadia do arquiteto que cometeu o projeto.
Tão desmesurada e dona de tanta feiúra - para o meu gosto particular, pelo menos - a estrovenga de concreto ainda foi coroada por um estapafúrdio aplique de concreto no seu topo que assusta, pela desproporção e volume indigitado, aos passantes. Alguns arriscam dizer ser um reservatório de água. Se for, cabe a Baía de Guanabara dentro. Outros, um picadeiro coberto, onde se amansariam as bestas que o desenharam e construíram. Uma terceira vertente acha que trata-se da caixa-forte do ex-prefeito e seus parceiros na insânia, uma espécie de cofre cheio de dinheiro onde, como Tio Patinhas, banham-se cada vez que se sentem deprimidos com alguma coisa.
De todo modo, é uma excrecência adicional ao já gigantesco erro de que foram vítimas os contribuintes da cidade, iludidos pelo delirante ex-prefeito César "Epitáfio" Maia, que por certo almejava mausoléu condizente com sua loucura.
Hoje, sobre a obra inacabada, jaz uma autêntica "Casbah" de tijolos de concreto, um monolito horrendo cuja função talvez um dia alguém nos explique.
A foto abaixo, tirada por alguém que transita pela via, é a que oferece a melhor idéia da desproporção do apêndice.
Tão bom seria se pudéssemos nos vingar dessa turma, obrigando-os a pagar seus pecados de modo visível para nós contribuintes: botando-os para trabalhar nesse local, varrendo o chão, trocando lampadas, cortando a grama, limpando os vidros (por sorte deles, há pouca área envidraçada em tanto concreto) e os banheiros.
Pensando melhor, e se a pena coubesse a mim decretar, mandaria que apicoassem todo o concreto externo em andaimes suspensos, dia após dia, até a inauguração do monstro. Depois disso, ainda ficariam, por dez anos, levando as pessoas sob guarda-chuvas imensos, da entrada até as portas, em dias de chuva ou sob sol muito forte. Pois o pomposo e parisiense Atelier d'Architecture Christian de Portzamparc foi incapaz de prever coberturas para as rampas de acesso ao maligno Leviatã, com cerca de 50 metros cada uma.
Isso me incomoda. Todos os dias.
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Há 3 anos
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