domingo, junho 12, 2005

O SEVERINO QUE VAI MUDAR A CARA DO BRASIL

Tenho deixado algumas pessoas de cabelos em pé quando digo que uma das melhores coisas que aconteceram no país ultimamente foi a vitória e a ascensão de Severino Cavalcanti à presidência da Câmara dos Deputados (ou seria aquela uma "Câmara de Putaços", já com a devida vênia dos honestos de carteirinha que lá militam, certamente uma mui pequena minoria). Antes que me joguem no Hospital Pinel, explico o porque dessa minha teoria. Senão vejamos:

1. Respondam rápido: a situação política geral estaria melhor ou pior (pré-crise jeffersoniana) se o presidente da camara tivesse sido Luiz Eduardo Greenhalg, que certamente obraria para que o partido governista e sua coligação de forças passassem naquela casa TODAS as votações de interesse do grupo governista? Resposta mais rápida ainda: muito pior, pois não haveria muita chance da oposição impedir tais votações ou votar contra, pela quantidade de acordos de lideranças, votos em comissões, e outras dezenas de manobras regulamentais que Greenhalg poderia conceder. A vitória de Severino serviu para mostrar a todos a incompetência mal disfarçada do PT, em qualquer frente que não seja a da bravata política, do emperramento de votações de medidas que jamais conceberia propor, do atraso e do aparelhamento do estado. Depois de Severino, essa incapacidade ficou bem exposta, num exemplo claro que persiste até o dia de hoje, martelando as cabeças dos petistas com aquela pergunta: "puxa, como fomos deixar isso acontecer, *#%$#@!* ?"

2. A ascensão dessa figura única e caricata de Severino ao cargo máximo congressional - sendo nada menos o terceiro homem mais importante na hierarquia do país, logo após o Presidente e seu Vice (fator esse aterrorizador, em caso de uma eventual ou acidental vacância dos cargos imediatamente superiores)- permitiu a TODOS os brasileiros que tomassem contato DIRETO, de maneira CRUA e SEM SUBTERFÚGIOS, com a realidade de que é feita a política nas casas do Congresso: TUDO ali é pago, tudo é negociado, tudo é sujo, tudo é pérfido, tudo é objeto de conchavos.
As moedas vão da nomeação de aliados para cargos de Ministros, Secretários, Diretores de Estatais, e daí baixando consecutivamente até o terceiro e quarto escalões da administração pública, num emaranhado de influências nocivas e que emperram barbaramente a eficiência do que deveriam ser entidades que melhorariam a vida do cidadão normal, até o vil metal (grana, bufunfa, capim, dóla, moni, jabaculê, etc etc), passando, ia eu esquecendo, pelas nomeações cruzadas das amantes de uns nos gabinetes de outros, em cargos de boa remuneração e prestígio, de forma a que as ditas cujas concubinas não pesem sobre as verbas que cada um recebe, ficando a conta de toda essa festa para o bobalhão do cidadão comum, você, eu, por aí.

Junto com a rudeza de Severino, que logo na primeira semana no posto deu um trompaço no Presidente Lula com relação a uma votação de interesse do Governo, desvendou-se sua forma característica de demonstrar o que seria necessário para que se aprovasse alguma coisa ali no seu novo e produtivo feudo: pediu a Lula um ministério para seu partido, em frente a todos os órgâos de imprensa, falada escrita e televisada, como se estivesse num banco de praça, aos nove anos de idade, trocando figurinhas em duplicata com seus amiguinhos para completar seu album. Diante da negativa apropriada do Presidente, passou a exigir, como moeda de barganhas políticas, uma diretoria da Petrobrás. Em frase antológica, denotativa da sua total aversão às coisas feitas por baixo do pano, teria exigido da Ministra das Minas e Energia, segundo essa mesma imprensa noticiou, "a Diretoria que fura poço e acha petróleo", sua melhor verbalização para falar que estava atrás de algo que rendesse DINHEIRO, direta ou indiretamente, como sempre ocorreram as coisas nesse templo máximo da corrupção dos valores morais que esse Severino preside.

Esse mesmo Severino, por não querer ou não saber disfarçar sua forma de negociar, é que expõe, de forma inequívoca e traumatológica, o que há de fato por trás dos cargos congressionais, essa fabulosa rede de interesses pessoais e setoriais, disfarçada de uma bela e casta assembléia na qual os "defensores do povo" propugnam por seus eleitores e representados, mas que, na realidade só se interessa em defender, e, para lá de melancolicamente, às custas de seus "defendidos", seu pirão primeiro.

Chico Anísio, grande comediante brasileiro, com seu personagem máximo, o corrompido e veraz político Justo Veríssimo, há anos atrás já prenunciava o que Severino hoje nos transmite abertamente com suas ações esclarecedoras: que ali não é lugar senão para falcatruas das mais cabeludas, a beneficiar essa classe superior de seres inferiores, e como nas palavras diretas do político televisivo, quando perguntado o que seria do povo, respondia: "O POVO QUE SE EXPLODA!", em alusão rimada a frase semelhante e impronunciável em programa de TV.

Com o "belo" e educativo - para as massas - exemplo proporcionado por Severino, acho que poderemos, em futuro próximo, aspirar que esse nosso povo, tão sacrificado pelos impostos que é obrigado a pagar para financiar essa festa da qual nunca participou, vote em criaturas menos nefastas para a vida nacional.

Isso não é tão garantido quanto as convocações extraordinárias para se votar durante o recesso (férias), com salários dobrados, o que não se votou durante o ano regulamentar, mas, nunca se sabe, pode ser o começo.

Talvez agora, diante de minha longa explanação, impossível numa roda de conversa, meus detratores me permitam ficar um pouco na janela sem a camisa-de-força.

Um comentário:

Anônimo disse...

Talvez esse seu pobre Severino seja afinal um quase santo perto da corja que está sendo desencoberta no PT. E o que dizer do antecessor dele o João Paulo Cunha, hem?
Parece ser a nossa sina, não achas?

Alfonsinho