sexta-feira, abril 30, 2010

REINALDO, MORDAZ COMO NUNCA, MORDE O CALCANHAR DO MOLUSCO

Não vinha reproduzindo o Reinaldo aqui pois não ia fazer outra coisa, tão bem escreve. Mas esse post de hoje me fez rir (pra não chorar) tanto que trouxe pra cá.

O FÜHRER E OS MENINOS DO BRASIL

por Reinaldo Azevedo no seu blog da VEJA, 30/04/2010, às 7:09

Com o tempo, os “estadistas” vão tomando gosto pela ciência. Aconteceu com Stálin, por exemplo. Não era exatamente um gênio, mas também não era o imbecil pintado por Trotsky, seu adversário no socialismo. Uma das evidências de que não era tão burro é que ele baniu Trotsky, não o contrário. E depois mandou lhe meterem uma picaretada na cabeça. E daí? Quando não estava matando pessoas, o czar estudava lingüística. Não é mimoso? Lula também está encontrando a sua vocação no terreno acadêmico: a etnografia, ali na intersecção com a psicobiologia.

O interesse do agora presidente pela área, é antigo. Em 1989, ele já se aventurava a falar sobre a raça brasileira. Decidiu tratar da questão num debate com o seu então adversário, Fernando Collor de Mello. O diálogo sublime foi este:

Lula: O problema do Nordeste não é um problema de seca, é um problema de cerca. Daí porque defendi a reforma agrária, senão morreriam milhões e milhões de nordestinos, como está aí a imprensa dizendo e o IBGE afirmando que é possível até nascer uma sub-raça [no Nordeste].

Collor: Eu quero de alguma maneira repelir essa insinuação de que nós sejamos sub-raças, até porque sub-raça eu não sou, como também acredito que meu adversário não seja sub-raça somente pelo fato de ter nascido no Nordeste. A prova de que não somos sub-raça, deputado, é que nós estamos aqui disputando a eleição presidencial, duas pessoas com origens no Nordeste.

A resposta de Collor, hoje aliado incondicional de Lula, convenham, foi soberba. A partir dali, o petista decidiu enfiar a cara nos livros, acercar-se de especialistas, ouvir mais do que falar, dedicar-se com afinco à tarefa de entender a formação do povo brasileiro. Consta que teria dito: “Se Darcy Ribeiro pode, eu também posso”, o que é uma observação muito sensata. E formulou, finalmente, a sua hipótese, que, percebe-se, já é uma tese.

Para Lula, o etnógrafo que avança para a fronteira com a psicobiologia, uma só eugenia pode ser autoritária, mas a confluência de três resulta num povo superior, inigualável. Leiam:
“Somos o resultado de uma tríplice mistura, ou seja, uma genética purificada em três continentes, que resultou no povo que somos nós. Não sei se tem povo igual, melhor não tem, mais purificado não tem”.

Ufa! Ele fez esse discurso luminoso na Embrapa. Tentava, creio, ser simpático aos anfitriões, que aprimoram sementes, que mexem aqui e acolá para produzir espécies imunes a pragas, essas coisas “purificadas”, vocês sabem...

Bastaram dois mandatos de Lula para que a sub-raça se transformasse no padrão genético do Novo Homem.

Lula é nosso Führer. Somos os seus “Meninos do Brasil”!

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