A gente merece, depois de ter errado tanto e consecutivamente, na escolha de nossos Governadores. Desde a tsunami que resultou da eleição do gaúcho-uruguaio Leonel de M. Brizola (de acordos espúrios com bicheiros para ganhar a primeira e com traficantes para ganhar a segunda eleição) até a devastação empreendida pelos Garotinhos, os fluminenses nunca mais acertaram a mão. Nem no Estado nem no Município, haja vista a administração caótica do “César” do momento. Foi um festival sequencial e fulminante de incompetências, com o mais total desprezo pelo que se convencionou chamar de população. O que se vê agora, para onde quer que se vire a cabeça, nada mais é do que o fruto podre desses desgovernos consecutivos. É o caos absoluto. Ponto.
A percepção geral é a de que, tirando a parte cuja responsabilidade é de Deus, a Natureza (diga-se, arduamente atacada por todos eles, principalmente pela omissão gritante) e as onipresentes bundas, o Estado do Rio consegue ser o pior em tudo.
Nenhuma regra, como que por encanto, é seguida aqui por mais de meia hora, caso gere qualquer chateação ou desconforto, mesmo que ligeiro, aos seus habitantes. Aqui, nada do que se planta, dá.
Posturas federais, estaduais e municipais são descartadas a um golpe de “pô, que coisa chata!”, para nunca mais serem lembradas. Um mínimo de organização no Estado é considerado como algo que tolhe o direito dos cidadãos fluminenses e, portanto, contrário à sua ampla liberdade; é coisa logo posta de lado, muitas das vezes pelas próprias autoridades que não se empenham o mínimo para fazer cumprir as ditas “leis”.
Para não falar da crônica insegurança, embutida mentalmente nos habitantes, tão banalizada essa e tão desesperançados estes, há algo no ar, hoje, cuja gravidade vai mais além: é o nefasto desrespeito às convenções. Que nada mais são do que o resultado de aprendizado histórico, pela mera repetição de situações, que levam uma comunidade a entender que determinados atos ou fatos se resolvem com atitudes ou posturas que já se provaram mais indicadas em cada caso. Nada além de experiência e erro.
Ver convenções sendo desrespeitadas cria nos cidadãos dúvidas momentâneas, que, não sanadas, passam a duradouras. Principalmente na cabeça de crianças e adolescentes, que as presenciam a torto e a direito. Uma convenção desrespeitada não gera punição legal, tem (ou deveria ter) no máximo, o repúdio da comunidade. Tipo jogar lixo no chão, urinar na rua, furar o sinal vermelho. Ao contrário, percebemos que este senso comum vem sendo violentamente atropelado. De maneira prosaica, sem qualquer repressão da comunidade, que só pode estar exaurida, até pela falta da exemplação saneadora dos delitos de muito maior envergadura. Daí à instalação generalizada do “foda-se”, é um passo. Para a barbárie.
É imperativa uma retomada da ordem pelas autoridades constituídas, uma tentativa de botar ordem na casa, para que não percamos definitivamente as esperanças. Há muito trabalho a fazer, o povo está descrente.
Quantos de nós não tem observado:
- entregadores de qualquer coisa, em suas motos, trafegando na contra-mão, impunemente, a qualquer hora do dia ou da noite;
- as Prefeituras fluminenses (tão zelosas na defesa do espaço dos cidadãos, tascando multas pela inobservância de posturas aqui e ali) não dão um pio, não agem e não prestam contas enquanto as florestas da cidade do Rio, ou de Petrópolis ou Teresópolis, etc., entre a quase totalidade dos municípios, são devastadas (e junto às principais rodovias que cortam o Rio – pois aí é quando podemos observar o fato melhor, restando-nos só a imaginação para intuir o que acontece mais afastado) para dar lugar a novas favelas que brotam TODOS os dias?
- que bastaria à Secretaria de Segurança determinar a imediata volta do policiamento à paisana, como em qualquer lugar do mundo civilizado, para que os bandidos que infestam o Estado possam ser surpreendidos antes de atuarem. E não mandar uma patrulhinha sem motor ficar estacionada no local das ocorrências dos crimes hediondos diários, no dia seguinte em que estes já aconteceram;
- o total desprezo da Polícia Militar pelo que ocorre nas vias, sendo comum vermos rodinhas de PMs em animado bate-papo, sempre de costas para os acontecimentos, em absoluta falta de atitude policial?
- que os motociclistas da PM, que atuam em dupla, e em cujo advento foi feita grande onda marqueteira, louvando serem bela solução, já que um zelaria pela integridade moral do outro(!)nunca estão circulando como patrulhas ágeis, aptas a surpreender pela mobilidade, senão para mandar parar alguém que esteja perigosamente “fora da lei” falando ao celular; que, concidentemente, nunca são vistos perseguindo ou interpelando carros ou motos suspeitos ou lotados de bandidos, que circulam faceiros pela cidade à hora que desejam; que jamais tomam qualquer atitude contra qualquer dos milhares de veículos sem condições de trafegar, que para esses policiais são “transparentes”, pois que não representam fonte de complementação de receita?
- que ônibus e vans param afastados dos meios-fios a mais de um metro, obrigando a que as pessoas na calçada desçam primeiro para então, aumentada a altura até o primeiro degrau dos veículos, tenham mais dificuldade de subir a bordo; e com isso, ainda ocupam parte da segunda faixa de rolamento, desorganizando o tráfego;
- que os ônibus também costumam param fora – e pior, bem defronte - dos recuos construídos exatamente para que não obstruam o fluxo, ao recolher/desembarcar passageiros, seja por má-vontade, preguiça ou burrice dos motoristas, ou seja pela perpétua falta de orientação da força policial?
- que inexiste uma divulgação oficial da lista de números de telefones públicos que a população precisaria para requerer atendimento em circunstâncias graves ou de emergência (ou, “alguém aí sabe o telefone da ambulância?”); ou uma forma de que, uma vez acessados, haja alguém do outro lado treinado profissionalmente para atendimento e não uma pessoa que dá a impressão de atendeu porque estava passando por ali e viu o telefone tocar pela enésima vez, e que "reage" guturalmente;
- que, e que, e que, e que... (aqui eu peço que este post seja completado, nos comentários, com as demais aporrinhações e transgressões que tanto afetam a vida de cada um que o leia).
Se juntarmos as nossas reclamações mais prementes, quem sabe pressionamos o novo Governador e o velho Prefeito a adotarem uma volta ao básico, dando atenção aos pontos nevrálgicos do Estado/Município? Se transformarmos este escrito numa corrente legalista, quem sabe chega a um deles?
Quem sabe, berrando, possamos acabar também com essa farsa tão maligna do “respeito aos direitos humanos”, esta noção deletéria impregnada em e por meios tão festivos quanto praianos por “intelectualóides”, tão ou mais perniciosos estes do que os próprios bandidos que nos assolam.
Essa assunção de “respeito” só vem nos matando, por dois motivos:
primeiro: estamos sendo dizimados por animais que a nada temem, sem piedade alguma; e como animais, não podem ter qualquer direito “humano” assegurado;
segundo: ao respeitarmos esses “direitos”, cessam, por assim sentirem-se amparados, as obrigações de parcela da população, que passa a transgredir, dia ou noite, qualquer lei, norma e/ou convenção; e que, ao serem interpelados ou colocados diante da lei - que é para TODOS -, imediatamente se escondem atrás do argumento de que estão sendo perseguidos(a) porque são cidadãos-favelados.
Estou farto desta inação civil, deste nosso silêncio covarde. Chega da gente ficar morrendo. Chega de ficarmos escondidos em casa enquanto a bandidagem de todos os calibres passeia pra lá e pra cá, entre um baile funk, uma cafungada com as cachorras e alguns acertos de contas. Ou coisa mais “estruturada”, no caso dos políticos.
Chega de covardia, pagamos impostos altos tanto para o Estado como ao Município (ao “Governo Federal”, nem é preciso falar) para sermos tratados com desrespeito pelos nossos servidores, de qualquer nível. Enquanto isso, a improvisação, o descaso, o jogo de empurra, a falta de probidade e a mega-incompetência administrativa se perpetuam no Rio de Janeiro.
Fluminenses, os cariocas principalmente, vamos sair do imobilismo e nos prometer que vamos botar a boca no trombone, que vamos espernear e que vamos lutar para ser ouvidos. Afinal, somos nós que financiamos a vida fácil dos Governantes, já que a bandidagem não paga imposto. Oficialmente.
Atitude, ação e prestação de contas. É o mínimo que podemos exigir, esquecendo-nos do resto do país por um tempo e focando só no Rio de Janeiro. Afinal, é aqui onde moramos, sofremos e muitas vezes, vemos pessoas próximas morrerem de maneira bêsta, vítimas da violência criminal ou do trânsito. Sejamos descaradamente bairristas e fixemo-nos no nosso Estado. É chegada a hora de gritar, qualificadamente.
Escrevam seus pontos depois dos meus. Estejam certos de que, cedo ou tarde, isso vai chegar ao computador de alguém que vai se interessar em agir.
Caso não, a gente sempre poderá rezar.
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Há 3 anos
3 comentários:
Eu acho que o povo tá perdendo tempo achando que TEM polícia e senador. Num tem não. Se levantar a ficha dos caras, são todos bandidos disfarçados. E, pelo visto não tem esconderijos melhores do que as delegacias e os gabinetes.
Tamos parados demais essa é a verdade, que tá faltando sangue na veia da classe média.
Concordo. Bem que o seu artigo podia virar uma corrente e a gente ia botando nossas aporrinhações em fila pra ver se bate na caixa de entrada de um figurão. Difícil mas não impossível. Não quer começar?
mais um reacionário? vc. é do time do diego mainardi? que botam a culpa de tudo no PT e no Lula?
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