terça-feira, março 30, 2010

EMAIL-BOMBA: TUDO O QUE EU GOSTARIA DE TER ESCRITO
NÃO DESANIMEM COM O TAMANHO!

Recebi esta "carta" hoje por email, como se fosse apenas mais um relato indignado contra o status-quo brasileiro. Só lendo com calma depois é que percebi que a indignação está viva na caneta e no teclado de algumas pessoas. Que esse vento sopre para todos os lados, e que mais e mais brasileiros se conscientizem do mal que o Governo causa e causará se houver algum tipo de continuidade daqui para a frente. Leiam esse desabafo e espalhem para tantos quantos possível.


"Lula,

Não lhe dispensarei o tratamento de senhoria, muito menos de excelência, porque não reconheço em você autoridade intelectual nem moral para ser meu presidente.

Sou um cidadão simples, com 62 anos de idade, revoltado com as bandalheiras, desmandos e roubalheiras patrocinadas pelo seu governo e aliados. Não sou filiado a nenhum partido político nem tenho pretensões de concorrer a qualquer cargo público.

Sou um brasileiro indignado que se rebela por perceber que este país não oferecerá aos meus filhos e netos um lugar decente para viver. Hoje, eu sinto vergonha de ser brasileiro por ver meu país ter um governo e aliados tão desonestos, tão sem escrúpulos, tão mentirosos e tão corruptos. Tenho certeza que, conhecendo os métodos praticados pela bandidagem que o cerca, estou colocando em risco minha integridade física, quem sabe minha vida. Mas só covardes aceitam se submeter a governos canalhas e corruptos como o seu.

Usarei o mesmo linguajar rasteiro que você sempre usou e que ainda utiliza hoje para se referir aos adversários políticos do presente, pois os do passado, de "bandidos" viraram "mocinhos". Dito isto, vamos ao que interessa. Tenho certeza que milhões de brasileiros gostariam de lhe dizer a mesma coisa.

Quero dizer que não lhe devo nenhum respeito, pois um presidente que fala o que quer, ouve o que não quer. Um presidente que classifica de idiota quem discorda das suas políticas populistas que estão transformando o Brasil num país de vagabundos, que usa palavrões e termos chulos sem nenhum constrangimento, que se ufana de ter estudado pouco, não falar outro idioma e ter se tornado presidente e, com isto, indiretamente, induzir a população a crer que não é preciso estudar nem trabalhar para vencer na vida, não merece meu respeito.

Um presidente que rebaixou a instituição Presidência da República e as instituições políticas aos níveis mais baixos jamais vistos, não merece meu respeito. Quem se aliou à escória da política brasileira, de quem dizia cobras e lagartos no passado, não merece meu respeito. Um presidente que agride e desrespeita os políticos da oposição e, indiretamente, seus eleitores, como você tem desrespeitado sistematicamente, não merece meu respeito.

Um presidente cujo partido tomou de assalto a máquina pública com o único objetivo de agradar os seus companheiros militantes, não merece meu respeito. Um presidente de um partido que passou 25 anos se vendendo como o paradigma e o paladino da moralidade e da ética na política e que, uma vez chegando ao poder, se mostrou o governo mais corrupto e mais mentiroso que o país já teve (além de dizer que no passado fazia bravatas), não merece meu respeito.

Um presidente que procura jogar brasileiros contra brasileiros, estimulando o ódio entre as pessoas, que menospreza e ofende aqueles que são mais bem sucedidos intelectualmente ou financeiramente como se fosse deles a culpa pelo infortúnio dos menos favorecidos, não merece meu respeito. Esquece que, na maioria das vezes, aqueles conquistaram seu lugar ao sol com muito estudo, trabalho e dedicação, enquanto os últimos, também na maioria das vezes, preferiram levar uma vida sem esforço ou ficaram parasitando os trabalhadores em algum sindicato.

1. Você é um demagogo, mentiroso, sem caráter, além de corrupto. Você não tem vergonha na cara. Dizer que nunca sabe nada sobre as maracutaias do seu governo e do seu partido, é a maior mentira já aplicada neste país. Não é José Dirceu o chefe da quadrilha, é você. Não sou eu que o acusa de ladrão. São ex-companheiros seus. Ou você nega as acusações que lhe fizeram fundadores do PT, os ex-petistas Paulo de Tarso Venceslau - ex-secretário da Fazenda, sobre a roubalheira na prefeitura de São José dos Campos, e Cezar Benjamim, coordenador das duas primeiras campanhas do PT à presidência da república, sobre o roubo de recursos do FAT? Você nega? Se fosse mentira, porque você não os processou? Por que você não processou Frei Beto que se afastou enojado do que viu?

2. Quando ocorreram as enchentes catastróficas em S. Catarina, você apareceu lá quantos dias depois? 10, 15? Todas as vítimas já receberam o auxílio que lhes foi prometido?
- Quando ocorreram os deslizamentos em Angra dos Reis você nem apareceu por lá. Ou apareceu? Quantos dias depois?
- Quando ocorreu o acidente com o avião da TAM no aeroporto de Congonhas, você apareceu lá?
Agora, para aparecer para mídia internacional, você se apressou e dois dias após o terremoto no Chile já estava lá.

3. Outras atitudes canalhas: enquanto muitos estados e municípios necessitam de ajuda financeira para resolver seus problemas, seu governo cria dificuldades para auxiliá-los pelo simples fato dos governantes serem de oposição. Levantamentos mostram que a maior parte dos recursos liberada pelo seu governo foi para prefeituras administradas pelo PT.
Além disto, há falta de hospitais, escolas, presídios, condições dignas de trabalho na área de saúde, a segurança é um caos, o tráfico de drogas nunca se expandiu tanto, e tantos outros desmandos e descasos. Os aposentados veem a cada ano o seu rendimento diminuir.

Entretanto, você ordena que o BNDES financie o genocida do Fidel, o cocaleiro do Morales, o louco do Chávez. Quantos bilhões de dólares foram emprestados? 1, 2 ou mais?
E o perdão das dívidas com o Brasil, contraídas por republiquetas bananeiras governadas (a maioria) por ditadores, genocidas e corruptos? Foram quantos milhões de dólares? 800 milhões?
Tudo isto é um escárnio com a população brasileira.

E o que dizer sobre a declarada intenção da compra de 36 caças Rafale pelo mesmo preço que a Índia pagará por 126, conforme noticiado? Ou por preço bem superior aos oferecidos pelos Estados Unidos e Suécia? Dizer que é por questões estratégicas? Tenha dó! Não julgue todos os brasileiros idiotas como é a maioria dos seus eleitores.

4. E o aparelhamento do Estado por petistas? Não há nenhuma preocupação com o inchaço da máquina pública, desde que isto proporcione à "cumpanherada" um estilo de vida que sempre condenaram. Hoje, a maioria dos petistas aboletados em ministérios e estatais formam uma nova classe: a dos burgueses do capital alheio.

5. Por que foi barrada a CPI da Petrobrás? Medo de que seja descoberto o maior desvio de dinheiro público jamais visto no país?

6. Quando os boxeadores cubanos requereram asilo político ao Brasil durante os jogos do Pan, você agiu rápido: mandou prendê-los e deportá-los no dia seguinte para Cuba num avião cedido por Chávez, para agradar seu ídolo Fidel. Diga-se que a concessão de asilo político é uma das mais dignas e respeitáveis ações internacionais que um governo democrático pode e deve exercer, principalmente quando o pleiteador do asilo quer fugir de uma ditadura.
Por outro lado, certamente, você concederá refúgio a um criminoso frio e cruel, numa afronta ao povo, ao Governo e ao Judiciário italianos.

E o que dizer sobre as frases pronunciadas por você a respeito do dissidente cubano? Que o infeliz morreu porque parou de comer!!. É um deboche! Ele preferiu morrer a viver sob uma ditadura, estúpido!! Afirmar que se tornou comum dizerem que lhe mandam cartas, mas que as guardam para si, e que é preciso protocolá-las, é de uma safadeza inaceitável. Pois eu estou protocolando esta minha manifestação de revolta e indignação. Quero ver se os seus assessores a farão chegar ao destino. Quem não quis receber os portadores da carta dos dissidentes cubanos foram funcionários do megalonanico Celso Amorim. Precisava carta, se a imprensa mundial noticiou repetidamente que o Zapata estava há semanas em greve de fome? Precisava? Por que você não telefonou para seu amigo Fidel e intercedeu pela liberdade do infeliz? E o caso mais recente: você pergunta o que seria do Brasil se os bandidos de S. Paulo resolvessem fazer greve de fome para serem libertados. Comparar dissidentes cubanos, cujo "crime" é o de discordar da ditadura castrista, com bandidos e criminosos comuns do Brasil, é uma afronta. É julgar todos os brasileiros como se fossem imbecis. De forma cínica e desumana, o seu governo não votou a favor da condenação, na ONU, do genocida ditador do Sudão, que matou mais de 300.000 compatriotas em Darfur. Governantes que se dizem defensores da democracia, mas que se aliam a ditadores, genocidas e violadores dos direitos humanos, não passam de patifes e pessoas sem caráter. Dizem uma coisa e fazem outra.

7. E o circo promovido com relação a Honduras? Você e seus áulicos Marco Aurélio Garcia e Celso Amorim envergonham o Brasil. Insistir que quem deu um golpe foram os militares hondurenhos é de uma desonestidade monumental. A verdade é que o fanfarrão do Zelaya quis violar a Constituição daquele país. No Brasil, os seus capangas seguidamente tentam alterar a Constituição para amordaçar o Legislativo, o Judiciário e a imprensa.

8. Por que você não assume que o PT é sócio de traficantes de drogas? Ou o PT não é sócio das FARC na mesma organização narco-terrorista que é o Foro de São Paulo? Desminta que você e Marco Aurélio Garcia assinaram a ata de fundação do Foro de São Paulo, junto com as FARC e outras organizações esquerdistas, comunistas e terroristas, no início dos anos 1990, logo que caiu o Muro de Berlim.

9. E as mentiras escandalosas sobre o PAC. A farsa foi desmascarada há muito tempo pela oposição e num editorial do Estadão. Não bastasse incluir obras construídas e financiadas por estados, municípios e empresas privadas, agora, conforme denuncia a Folha, dados sobre as obras do PAC são fraudados.

Aliás, a dissimulação, a mentira, a calúnia, a injúria e a difamação, são os instrumentos preferidos pela maioria dos petistas para fazer política e atingir seus adversários. Veja o que fizeram contra o ex-presidente FHC, sua esposa Da. Ruth, contra o então candidato Serra (quando candidato ao governo de São Paulo), contra o Eduardo Jorge e tantos outros políticos.

Quando o governador José Serra apresenta uma maquete de uma obra que pretende licitar e construir (uma ponte ligando Santos à Guarujá) você, de forma mentirosa e canalha, diz nas TVs "que já estão inaugurando até maquete"! Que falta de caráter! Que vigarice!

Nem pessoas comuns escapam incólumes à fúria de calúnias e difamações, quando simplesmente se posicionam contra as bandalheiras de seu governo ou, - que pecado mortal! - não são petistas.

Explique todas estas canalhices, grande líder mundial. Líder só para gente como você ou desinformados, ou idiotas ou corruptos, que não sabem onde foram cair a partir de 2003: nas mãos de um bando de sindicalistas parasitas, ou oportunistas, guerrilheiros, assaltantes de bancos, comunistas recalcados e corruptos. O leque é bastante amplo para escolher em que categoria cada um se enquadra. Líder para uma maioria absoluta de jornalistas cooptados sabe-se lá por quais motivos e meios.

Você está transformando o Brasil numa republiqueta vagabunda, em vez de um país em que a ética, a honestidade, o respeito à honra das pessoas e o amor à pátria, à verdade e à liberdade sejam os alicerces em que deve se sustentar uma grande Nação. Você está acabando com a dignidade das pessoas. Não basta que as pessoas tenham o que comer. Elas precisam também de um alimento para a sua alma, o seu espírito, para que possam realmente ter uma consciência de civismo, de patriotismo e de nacionalidade. E este alimento é a dignidade moral.

Se a comunidade internacional soubesse verdadeiramente o que é o governo Lula, jamais faria o juízo que faz a seu respeito.

Se Deus quiser, o povo brasileiro se dará conta do embuste que é o seu governo e dispensará para sempre esta corja que o cerca e que hoje está no poder. A não ser que a maioria seja de desinformados, idiotas, ignorantes ou corruptos.

Sem nenhum respeito e admiração.


Delmar Philippsen
Porto Alegre/RS"

KARALHOKOPTER 17

SEM TEMPO PARA INTRÓITOS, APENAS LEIAM

A boca do jacaré,
por Merval Pereira

O Globo de 30/03/2010

"Um dado relevante da mais recente pesquisa Datafolha é a confirmação de que o candidato do PSDB, José Serra, mantém-se na faixa dos 40% da preferência do eleitorado quando o deputado Ciro Gomes não está na disputa, o que faz com que tenha possibilidade de vencer a eleição já no primeiro turno.
No jargão das pesquisas, "a boca do jacaré" estava se fechando, com a diminuição da diferença entre Serra e Dilma para quatro pontos na pesquisa Datafolha anterior. No entanto, a pesquisa seguinte, do Ibope, já mostrava "a boca do jacaré" abrindo mais um pouco, aumentando para 5 pontos a diferença a favor de Serra. Esse movimento continuou, e a diferença agora foi para 9 pontos.
Ninguém em seu perfeito juízo poderia imaginar que, com o presidente Lula popular no nível em que está, sua candidata não entraria na disputa com pelo menos os 30% do eleitorado de esquerda garantidos. Em nenhum momento, no entanto, mesmo tendo a diferença a seu favor reduzida, o tucano José Serra saiu da faixa dos 40% nos mais diversos institutos de pesquisa, e deixou de ter a possibilidade de vencer no primeiro turno. Como exemplo, apenas nas pesquisas de 2010: 41% no Sensus de janeiro; 38% no Vox Populi de janeiro; 41% no Ibope de fevereiro; 38% no Datafolha de fevereiro; 38% no Ibope de março; e 40% no Datafolha de março.

Desde o segundo turno de 2002, quando teve 38% dos votos e perdeu a eleição para Lula, que Serra aparece à frente das pesquisas com uma média entre 35% e 40% de preferências. Quando abandonou a disputa em 2006 dentro do PSDB para deixar Alckmin perder para Lula, estava na frente das pesquisas, mas já com Lula nos seus calcanhares.

Fica claro que essa marca é muito mais do que o simples recall (lembrança), fenômeno que as pesquisas eleitorais registram para os candidatos que, tendo disputado eleições anteriormente, permanecem no inconsciente do eleitor e são lembrados numa primeira reação nas pesquisas.

O simples recall, no entanto, não é suficiente para manter um candidato à frente das pesquisas se a lembrança não for acompanha da de algo mais substancial. O deputado Ciro Gomes, por exemplo, já foi candidato a presidente da República várias vezes e, no entanto, seu recall junto aos eleitores é muito fraco, está em queda permanente na casa dos 11% das preferências. Embora tenha perdido a imagem de candidato competitivo, o que dificulta uma decisão do PSB a favor de sua candidatura contra a opinião do presidente Lula, o deputado Ciro Gomes ganhou novo fôlego com essa pesquisa recente do Datafolha, que o coloca mais uma vez como uma barreira à possibilidade de Serra vencer a eleição no primeiro turno.

Com sua saída, quem mais se beneficia é justamente Serra, que herda 4 pontos percentuais, indo a 40%. A candidata oficial, Dilma, ganha 3 pontos, indo a 30%. E a senadora Marina Silva ganha 2 pontos, chegando a 10%.

Como a margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos, continua sendo uma possibilidade a vitória de Serra já no primeiro turno no caso de Ciro não aparecer na tela da máquina de votar.

A explicação, dada por alguns marqueteiros, de que o eleitor de Ciro escolheria preferencialmente Serra devido ao seu conhecimento, perde a força diante da constatação de que a ministra Dilma Rousseff já é conhecida por 87% dos pesquisados, que já dizem conhecê-la de alguma forma, ainda que apenas de ter ouvido falar.

Serra tem um percentual de 97% de conhecimento dos eleitores, e Ciro tem 93%. Só a senadora Marina Silva pode alegar que seu índice de preferência pode aumentar, pois o nível de conhecimento dela por parte do eleitor é de apenas 52%.

Agora, a explicação para a estagnação da candidatura oficial é que, embora conhecida do eleitorado, só 58% dos eleitores sabem que Dilma é a candidata de Lula.
E entre os eleitores que querem votar no candidato apoiado por Lula, ainda existiriam, segundo Mauro Paulino, diretor do Datafolha, 14% que não votam em Dilma por ainda não saberem que ela é a escolhida do presidente. Um eleitorado de baixa escolaridade, baixa renda e de grande concentração na região Nordeste, que teoricamente seguiria as palavras do líder.

A questão é saber se, estando o presidente em campanha aberta há mais de dois anos, esse tipo de eleitor não identificou Dilma como a candidata oficial por incapacidade de entender a mensagem do presidente, ou se não encontra na candidata oficial capacidades que vê em Lula. Essa segunda hipótese seria uma explicação mais política, que reduz a importância das análises técnicas das pesquisas.

É o caso da preferência por Serra de parte ponderável dos eleitores que consideram o governo de Lula ótimo ou bom. Dos que aprovam Lula, 33% votam na petista Dilma, e 32%, no tucano Serra.

Ao contrário, o desempenho de Dilma entre os 20% de eleitores que consideram o governo Lula apenas regular, é muito fraco: Serra recebe 51% das intenções de voto desse grupo, contra apenas 9% da petista, que tem menos do que Ciro e Marina, cada um com 10%.

Entre os 4% que consideram o governo Lula ruim ou péssimo, Serra tem 48% de preferência, enquanto Dilma tem apenas 5%, mais uma vez atrás de Ciro e Marina.
Esses números demonstram claramente a dependência de Lula que a candidatura de Dilma tem.

Mesmo entre os que gostam do governo, ela não consegue se impor como a escolha natural."

domingo, março 28, 2010

NO MÍDIA SEM MÁSCARA - ARTIGO DO NIVALDO CORDEIRO

"A caminho do desastre


por Nivaldo Cordeiro, 27 Março 2010


Os jornais de hoje (26) trazem duas notícias, aparentemente desconectadas: mais uma espetacular elevação do déficit da Previdência Social e a inauguração de um shopping center de luxo em Brasília. A cada elevação de salários dos funcionários públicos o efeito cascata sobre a Previdência agiganta o défict. Os ociosos enriquecem, enquanto os que trabalham empobrecem. Outra notícia é que o reajuste proposto pelo governo para os aposentados que ganham mais de um salário mínimo será majorado pelo Congresso Nacional.


O céu é o limite para o populismo. A ata da última reunião do Copom revela o que toda gente sabe: a inflação está se aproximando do descontrole. Talvez estejamos vivendo a agonia final do que restou do Plano Real e o seu compromisso com a disciplina fiscal, que nisso consiste todo o Plano. Não é possível ter estabilidade de preços com o Estado gastando com rédea solta.
O drama previdenciário está posto e o novo governo a tomar posse no Ano Novo não escapará de lhe dar combate frontal, diga o que disserem os candidatos. Isso implica em cessar reajustes nominais, arrumar maneira de reduzir benefícios e aumentar a contribuição de todos, inclusive dos retirados.


O drama está em que os aposentados constituem a maior força político-eleitoral no Brasil. Nenhuma "categoria" terá mais força que eles. Todo o funcionalismo público, por exemplo, está empenhado na manutenção do sistema como ele está constituído. Aqui vemos o sentido da expressão "privatizar o Estado"na sua plena acepção. Em que consiste isso? Em um gigantesco sistema de rapina sobre aqueles que trabalham, via impostos, para repassar os recursos a um contingente crescente de desocupados, que vivem nababescamente. Abrir shopping de luxo em Brasília, cidade que praticamente vive de impostos federativos, é sintoma dessa disfunção abissal, que escraviza quem trabalha para bancar a boa vida dos desocupados.


A situação é disfuncional não apenas do ponto de vista moral. É também do ponto de vista político e econômico. Politicamente o déficit previdenciário poderá colocar em xeque a legitimidade do processo democrático, na medida em que as instituições representativas não conseguirem tomar decisões contra o status quo dos aposentados. Do ponto de vista econômico temos o duplo desastre do retorno da inflação e do colapso do balanço de pagamentos. No fundo, estamos vendo o Brasil ser transformado em uma sociedade de rentistas. Mesmo a máxima carga tributária é insuficiente para garantir as "conquistas" dos aposentados. O desastre é certo.


A classe política evita discutir o assunto. Toda a gente relevante foi "incluída" no sistema, a começar pelos políticos. Todo mundo tem a sua boquinha na Previdência Social. O benefício privado aqui é imediato e incompatível com a saúde sistêmica da economia e do sistema político. O benefício público da estabilidade de preços é simplesmente ignorado da forma mais egoísta.


Esse é o grande nó da economia brasileira. Estamos vendo onde vai dar a hipertrofia do setor público puxada pelo crescimento do funcionalismo e das aposentadorias no caso da Grécia, que está falida. Imaginar uma situação igual para o Brasil nos próximos anos é realista, especialmente depois do reinado de Lula, que elevou as "conquistas" do funcionalismo e dos aposentados para limites impossíveis.


Inevitável concluir que, de novo, podemos viver a espiral cambio/salários, ou seja, uma explosão da inflação. Quem viver verá."

sexta-feira, março 26, 2010

CELSO MING DIDÁTICO:
(N.E.) E QUE NÃO PERDURE QUALQUER VERGONHA PELAS PRIVATIZAÇÕES

De vez em quando, já se disse aqui, é preciso voltar ao básico. Ming faz isso de modo inteligível até para o mais iletrado petista. Basta ler.
Vale a tentativa acadêmica usada, o método "KISS - keep it stupid simple". Quem sabe assim?

"A fraqueza do Estado


Por Celso Ming, no O Estado de São Paulo, 26/3/2010

O debate sobre o tamanho do Estado na economia brasileira sempre teve boa dose de falso conteúdo ideológico. As questões de fundo são bem mais pragmáticas.

A privatização, tal como aplicada no País no período entre 1993 e 2001, teve como principal motivador a baixa capitalização da empresa estatal brasileira. Ou seja, como o Tesouro não tem poupança suficiente para dar conta da expansão das empresas estatais, não adianta insistir; é preciso contar para isso cada vez mais com o setor privado, daqui e do exterior.

Também são razões de outra ordem que mobilizam grande parte das forças do governo Lula a defender o fortalecimento do Estado na economia: quanto mais estatais houver, mais empregos e postos propícios para o exercício do poder os políticos terão para seus amigos.

No momento, pelo menos três novidades mostram as dificuldades para levar adiante o projeto do Estado forte na economia brasileira.
A primeira delas é a capitalização da Petrobrás. A manobra da cessão onerosa, pela qual a União subscreverá em reservas de petróleo a sua parte no aumento de capital, é, por si só, uma poderosa engenharia financeira construída para contornar a falta de recursos do Tesouro. Mas, há dois dias, o presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, teve de admitir que o aumento de capital tem de ser feito, com ou sem a tal cessão onerosa, porque a Petrobrás tem pela frente, até 2014, um programa de investimentos de nada menos de US$ 220 bilhões a US$ 240 bilhões, dos quais US$ 49 bilhões só neste ano. Precisa urgentemente de sangue novo e não pode esperar demais pela aprovação das novas regras pelo Congresso, que podem não sair este ano. Gabrielli não explicou o que seria seu plano B, mas ficou uma vez mais claro que o banco de sangue do Tesouro não tem o que vai ser preciso para tocar seus projetos.
A segunda novidade é o que acontece com a pretendida subsidiária do BNDES que se destinaria a fornecer financiamentos aos exportadores brasileiros, mais ou menos nos moldes do Eximbank, dos Estados Unidos. Uma coisa é a ideia e as promessas aos exportadores e outra, bem diferente, o que se pode fazer. Já se sabe que o Tesouro não tem como subscrever o capital da nova instituição financeira. Por isso, em vez do jacarezão pretendido, o que sairá desse ovo será uma lagartixa de nada.
O terceiro caso é o do Banco do Brasil. Para garantir sua participação no mercado interno de crédito e financiar a expansão externa - sem o que não conseguirá dar o salto qualitativo - vai ser necessário injetar capital. E, outra vez, o acionista maior, o Tesouro, não tem condições de subscrever sua parte. Isso vai obrigar o Banco do Brasil a lançar ações no exterior. É o capital estrangeiro, quem diria, se encarregando de dar ao Banco do Brasil a força que o Tesouro não será capaz.

A mesma situação se repete por aí. É a Eletrobrás tendo que se conter porque não pode contar com vitamina pública. É a Telebrás, ou a estatal que vai cuidar da banda larga, que se mostra incapaz de equacionar a questão do capital necessário para tocar o negócio.
E é, enfim, o setor público federal que vai deixando o Tesouro sem poder de fogo porque deu e continua dando prioridade para as despesas correntes em vez de cuidar de aumentar a poupança."

quinta-feira, março 25, 2010

EDITORIAL DA FOLHA DE SP (!) DE HOJE
OU, COMEÇOU A DOER LÁ TAMBÉM

Devaneio autocrático
O vezo antidemocrático de Lula se expõe quando o que está em pauta é a divergência de opinião e a liberdade de imprensa


A DEMOCRACIA , numa definição de manual, é um sistema de governo no qual o povo exerce a soberania e elege seus dirigentes por meio de eleições periódicas; é um regime em que estão asseguradas as liberdades de associação e de expressão. Todos esses princípios estão plasmados na Constituição de 1988 -ela própria uma conquista democrática.
Isso tudo é óbvio. Mas quem impele a repisá-lo é o presidente da República. Na versão de Luiz Inácio Lula da Silva, a democracia muito frequentemente -e cada vez mais- surge como se fosse uma concessão da sua vontade. Ele não parece tratá-la como valor, mas como capricho.
O vezo autoritário do mandatário se torna flagrante quando o que está em questão é a divergência de opinião ou o compromisso com a liberdade de imprensa. Lula não tolera ser criticado e convive mal com esforços de fiscalização de seu governo.
Ontem, numa cerimônia, ele disse: "Acabei de inaugurar 2.000 casas, não sai uma nota. Caiu um barraco, tem manchete. É uma predileção pela desgraça. É triste quando a pessoa tem dois olhos bons e não quer enxergar. Quando a pessoa tem direito de escrever a coisa certa e escreve a coisa errada. É triste, melancólico, para um governo republicano como o nosso".
Talvez seja o caso de mencionar os mensaleiros, os aloprados, o "roçado de escândalos" da aliança com o PMDB. Ou, ainda, os benefícios pouco ortodoxos concedidos com dinheiro público a algumas empresas que este governo elegeu para implementar sua versão de "capitalismo de Estado". Nada disso compõe um figurino "republicano".
O que mais impressiona, porém, é o raciocínio embutido na seguinte frase de Lula: "É triste quando a pessoa tem o direito de escrever a coisa certa e escreve a coisa errada". É uma afirmação tosca, sem dúvida, mas antes disso autocrática. Não faz sentido no contexto da democracia.
A imprensa tem de ser livre, inclusive para errar -e responder por isso perante seu público ou à Justiça, sempre que for o caso. Essa liberdade atende sobretudo ao direito do cidadão de ter acesso a informações.
Lula disse ainda que "setores da imprensa" deveriam olhar para pesquisas de opinião antes de tirar conclusões sobre ações públicas de seu governo. Em alguns casos, como o desta Folha, as pesquisas são realizadas pelas mesmas empresas cujo trabalho Lula busca desqualificar.
Tampouco é verdadeira sua afirmação de que avanços sociais ou do país obtidos neste governo não tenham sido noticiados. Foram -e de maneira exaustiva.
O problema é outro. Recentemente, o presidente da República agrediu os valores democráticos ao equiparar os presos políticos de Cuba aos presos comuns do Brasil -e endossar os crimes de uma ditadura.
Agora, ao criticar mais uma vez a imprensa, comporta-se como quem aspira à unanimidade -algo que está longe de ser um padrão democrático.

KARALHOKOPTER 16

OUTRA PÉROLA DO "I-PIAUÍ HERALD"


Como sempre, um show de criatividade da equipe do site da Revista Piauí. Preferi copiar e colar pois a "matéria" dá continuidade a uma sequência de charges, blagues e tiras que, por coincidência, acabaram se sucedendo, até por falta de um texto que se acoplasse ao momento. Mesmo correndo o risco, calculado, de ser tomado por um blog que "tem umas coisas engraçadas", vamos rindo da situação nacional até que um líder com "L" maiúsculo (nem pensem que eu esteja fazendo graça, aqui e agora) apareça, para tirar a sociedade do marasmo "esperneante" em que se encontra. Precisamos URGENTEMENTE de um homem - pode ser uma mulher, claro, e seria bem melhor, diga-se - que abra o verbo com destemor e seriedade contra o "status-quo". 

Não sei porquê, ao escrever isso penso na Ministra do Supremo, Ellen Gracie.

Para mostrar que não estou para piadas, que disso o Governo se encarrega sozinho, abri o O Globo de hoje e li que o nosso Mulah decidiu "...driblar a Lei de Responsabilidade Fiscal (a única coisa que segura a economia brasileira no lugar, impedindo uma orgia nas contas municipais, estaduais e federais, a custo implantada por FHC e sua equipe) para garantir verbas a municípios inadimplentes...". E enquanto isso a Suíça bloqueia 13 milhões de dólares de conta daquele filho do Sarney que empastelou o Estadão!  


Mas já sabemos como acaba esse capítulo. Nada vai acontecer com eles. E nós morremos no final!

quarta-feira, março 24, 2010

segunda-feira, março 22, 2010

VEREZA É UM HOMEM DE CORAGEM - E QUE ABRE O VERBO!!!

Carlos Vereza não tem papas na língua. Poucos outros artistas tiveram a capacidade de indignação dele, que em notória entrevista (podem procurar o vídeo no YouTube, vale cada minuto) ao Jô Soares, escancarou o que achava da camarilha que detém o poder no Brasil. Para mim, foi uma rara porém brava intervenção no marasmo, na calmaria passiva das figuras "com mídia" e de algum modo populares no país, artistas, escritores, diretores, etc etc, que, calados por medo ou por não quererem ser patrulhados, apequenam-se diante da corrente pouca vergonha estatal.

Não transcreverei aqui sua idéias, antes deixo o link para o seu blog, onde vem abrindo fogo, corajosamente, contra essa situação nauseabunda e aquele a quem chama de "O Grande Timoneiro". 

Leiam o Vereza, ele não apenas merece a atenção dos justos, mas talvez possa ser um dos que abrirão os olhos adormecidos dos demais.

sexta-feira, março 19, 2010

BOMBA: ROBERTO JEFFERSON NA FOLHA DE SÃO PAULO DE HOJE

Roberto Jefferson, o homem-trombone, mandou este artigo na FSP de hoje. É ele mesmo que, a despeito de ter um dos maiores telhados de vidro do país, ousou abrir o bico a ponto de botar o PT e seus associados para o crime - transitoriamente, como tudo no Brasil (e explica porquê) - com o rabo entre as pernas, quando, por deixarem de honrar acordos de grana com seu PTB e passarem a uma intimidação, esta lhe caiu tão mal a ponto de explodir. Ele agora descreve o método "revolucionário" do PT, que se transformou, lenta e insidiosamente, na maior ameaça que esta terra já enfrentou, ao popular as empresas, os ministérios e as autarquias  com gente "perene", interessada em atrapalhar, emperrar, atrasar e manter-se nesses cargos e usufruir dos benefícios. Já escrevi sobre isso aqui. Mas agora a opinião é abalizada. Simplesmente escandalosos, no sentido de reais, os seus argumentos.


"São ideológicos, por isso corrompem
ROBERTO JEFFERSON

UM dos traços constantes da vida brasileira é a coexistência de dois tipos heterogêneos e incomunicáveis de política: a "profissional", cuja única finalidade é o acesso a cargos públicos para a conquista de benefícios pessoais ou grupais, e a socialista (ou "capitalismo burocrático-corporativo", como define o sociólogo Fernando Henrique Cardoso), empenhada na conquista do poder total sobre a sociedade.
A segunda vale-se ocasionalmente dos instrumentos da primeira, mas, sobretudo, cria os seus próprios: os "movimentos sociais" (o adestramento de formidáveis massas militantes dispostas a tudo), a ocupação de espaços na administração federal e em áreas estrategicamente vitais e, por último, mas não menos importante, a conquista da hegemonia cultural.
As próximas eleições vão opor, numa disputa desigual, a política socialista à profissional. Esta emprega os meios usuais de propaganda, enquanto aquela utiliza todos os meios disponíveis (inclusive os heterodoxos).
O político profissional tem a seu favor somente os eleitores, que se manifestam a cada quatro anos e depois o esquecem, enquanto o socialista tem a vasta militância, pronta a matar e a morrer por quem personifica suas aspirações.
O voto, ainda que avassaladoramente majoritário, não afiança ninguém no poder. O que garante a supremacia é a massa organizada, disposta a apoiar o eleito todos os dias e por todos os meios. Vejam a situação da governadora do Rio Grande do Sul: quando a oposição se vangloriou de ter "varrido o PSDB do Estado gaúcho", não percebeu que tentara expulsá-lo apenas de um cargo público.
O maior erro que as débeis oposições cometem é não saber enfrentar o modelo político socialista.
É de acentuar que a quase totalidade do empresariado nacional já foi cooptada e aceita naturalmente o petismo, que se adonou e faz uso do histórico caráter patriarcal do Estado brasileiro -sedimentado pela ditadura militar- em seu benefício.
O estatismo foi reconfigurado. É mais fácil controlar mecanismos reguladores (em todos os níveis) e instâncias de fomento e financiamento, que tornam reféns de seus interesses os capitães da indústria privada.
Na discussão orçamentária, os políticos profissionais preocupam-se apenas com emendas que podem fortalecê-los em suas bases, proporcionando-lhes benefícios particulares. Nenhum deles confronta a tradição doutrinária de controle da máquina pública e do exercício do poder, delineada desde Maquiavel.
Seguidor de Lênin, Trótski, Stálin e Gramsci, o petismo, por meio de seu núcleo dominante, abriu mão da luta armada, mas não do objetivo revolucionário. E valem-se da União, a garantidora de empréstimos a municípios e Estados. É o clientelismo, dos quais são porta-vozes os políticos de todos os partidos, que, assim, jogam pelas regras estabelecidas por aqueles que detêm o poder decisório.
A eventual saída do PT da Presidência, porém, não mudará esse quadro. Porque os aparatos administrativo-arrecadadores (Receita Federal, INSS) e fiscalizadores senso estrito (policial e judicial), além da órbita cultural, foram aparelhados.
O PT detém controle também sobre os sindicatos, o funcionalismo público, o aparato repressivo (MPF e PF, usados para destruir seus inimigos, fazendo terrorismo e chantagem política), os estudantes, os camponeses, a igreja, a intelectualidade artística, universitária e jurídica.
Se eleito, portanto, José Serra vai comandar uma máquina estatal dominada por adversários, muitos deles indicados para atuar em tribunais superiores. Sem esquecer o MST, que mantém acampamentos ao longo das principais rodovias (e pode, a qualquer momento, paralisar o país).
No Brasil, hoje, não há mais escândalos. Ficam uma semana nos jornais e na TV, depois ninguém mais se lembra deles. Não produzem consequências judiciais, porque o sistema é pesado e dominado por uma processualística interminável, da qual decorre a impunidade. O caso do mensalão é emblemático.
O PT deu caráter rotineiro a tudo isso na vida brasileira. As oligarquias aliaram-se ao partido pensando que iriam dominá-lo, mas se deu o contrário, porque elas não têm projeto.
O PT, contudo, tem
[projeto], e o põe em prática planejadamente, sistematicamente, em todos os níveis. Segue a lógica da revolução, quer construir o socialismo (quem sabe à maneira de Fidel, que Lula e sua turma tanto incensam?). Os petistas acreditam nisso.
Não são apenas corruptos, são ideológicos e, por isso, corrompem. E, no processo de destruição, vale tudo.

Para combater a hidra, é preciso conhecê-la, armar-se e propor um projeto diferente de país. Não se enfrentam tanques com bodoques, mas com mísseis. E, se vierem mísseis em represália, joga-se a bomba atômica.
Quem vai fazer isso?"



Atualização: O sempre atento Nivaldo Cordeiro, do site Mídia sem Máscara, rapidamente detectou no artigo acima um plágio, uma copiada "franca" de um artigo anterior do mestre Olavo de Carvalho. (leiam aqui). Como é indiscutível o "aproveitamento" do texto, fica apenas o consolo de que, o mesmo artigo sendo lido no site do mestre, tem um peso x; já, lido por leitores que o imaginam sendo de Jefferson, o peso é y. Para fins do estrago que possibilita na cabeça de quem o leu na FSP, sem dúvida e tão somente com essa condição, y>x.

quinta-feira, março 18, 2010

KARALHOKOPTER 14

MAIS GENTE NA BRIGA: AGORA A REVISTA PIAUÍ E SEU BLOG

Mais e mais gente da imprensa escrita se dá conta da imensa roubada (sic) em que se transformou a ascensão ao poder daquele - imaginado como "ético" - partido dos [poucos] trabalhadores. O PT, que está muito mais para "partido dos trambiqueiros" do que outra coisa qualquer, através de sua mais proeminente figura - segundo si-póprio, um semideus - passa a ser tratado como merece, uma grande piada de péssimo gosto. E a turma que só descobri (muito tarde) hoje o faz com jeito e classe, metendo a agulha bem no nervo.

Diga-se, é algo sob medida para "a zelite"! Só para não pré-conceituar, também para alguns poucos "outros" que conseguiram passar do analfabetismo funcional para o operacional e que hoje regem tanto sigla como prócer.

A ótima revista Piauí preparou um blog, onde aperta e fura o que tem de ser apertado e furado, sob a melíflua anestesia universal do riso. Segue um primeiro aperitivo:


CHICO, IMPAGÁVEL NO O GLOBO DE ONTEM

quarta-feira, março 17, 2010

UMA BRECHA?

Baratas tontas. Até que enfim a marcação da sociedade, de alguns ministros de bem do TSE e alguns dos poucos mas barulhentos jornalistas de plantão estão tendo o condão de fazer com que alguns componentes do PT entendam as dificuldades para fazerem o certo. "Menas" por ideologia do que pela falta de paciência para bolar e executar malabarismos e conseguir recursos para suas campanhas. Um deles, peixe graúdo, já jogou a toalha, ao menos para cima. Se vai cair no chão, depende do que a turma do partido dirá agora. Se assegurarem-lhe um esquema "seguro", sua convicção (outra irrevogável?) poder não durar. Pelo menos gerou-se a dúvida, dentre tantas certezas do "absoluto" PT. O artigo abaixo, da Folha de SP de hoje, dá a tônica. (Na minha opinião pessoal, ele quer mesmo é mais tempo para curtir a namorada, deputada Manoela D'Ávila, que perto dos tribufus do partido, é uma gata).


"PT saudações, por FERNANDO DE BARROS E SILVA

Nos dias que correm, não é comum ver um petista contrariado. Estão em geral muito satisfeitos. Exibem um pragmatismo confiante e despido de autocríticas, um ar triunfalista como nunca antes neste país. Costumam tratar adversários como inimigos do Brasil. São os efeitos da popularidade de Lula, agravados, no caso, pela velha convicção da esquerda de que tem a chave da história.
Chama ainda mais atenção, por isso, o tom de desconforto e desabafo da entrevista que o deputado José Eduardo Cardozo concedeu ontem ao jornal "Valor Econômico".
Ele diz que não vai concorrer à reeleição na Câmara porque "perdeu a paciência": "As coisas não só não se alteram como se agravam. (...) O que determina a vitória? Em larga medida é o dinheiro. Na disputa passada, minha campanha custou R$ 1,5 milhão. É um absurdo. Não tive problema com a Justiça, mas acho que foi até por acaso".
Mais adiante, Zé Eduardo diz que filhos de parlamentares costumam esconder tal fato de colegas para não ouvir na escola: "Seu pai é ladrão". E acrescenta: "Você vai a um jogo de futebol e pessoas ficam gritando mensalão, mensalão!".
A conclusão a que ele chega: "Sairão aqueles que querem ter ética na política e não sabem mais como operar". Operar?
Zé Eduardo também parece não saber como "operar" seus paradoxos. Resvala para uma franqueza incomum quando diz que "as relações com os doadores são muito problemáticas". Mas recua quando sugere que os políticos são reféns e vítimas de um sistema perverso, ao mesmo tempo em que se esmera na defesa dos companheiros João Vaccari e José Dirceu.
Zé Eduardo é um feixe de contradições. Abandona a disputa eleitoral contaminada, mas permanece à frente do segundo cargo na hierarquia do PT. Repele as atuais regras do jogo, mas dobra a aposta no partido. O mesmo partido que "democratizou" o vale-tudo no poder."

segunda-feira, março 15, 2010

CARLOS ALBERTO MONTANER - CUBANO, ESCRITOR - NO ESTADÃO

Nesta última sexta, o Estadão publicou este artigo do Montaner, famoso jornalista e escritor cubano radicado em Nova Iorque. Sua visão é criteriosa quanto à incapacidade do Mulah de raciocinar por si só, sem a ajuda de seus acólitos, guardiões dos ódios doentios do passado.

"A decepção internacional com Lula


Para Luiz Inácio Lula da Silva, os presos políticos cubanos são delinquentes como os piores criminosos encarcerados nas prisões do Brasil. Lula adotou, cruelmente, o ponto de vista de seu amigo Fidel Castro. Para ele, pedir eleições democráticas, emprestar livros proibidos e escrever em jornais estrangeiros - os "delitos" cometidos pelos 75 dissidentes presos em 2003, condenados a até 28 anos - equivale a matar, roubar ou sequestrar. Para Lula, Oscar Elías Biscet, um médico negro sentenciado a 25 anos por defender os direitos humanos e se opor ao aborto, é apenas um criminoso empedernido. Dentro de seu curioso código moral, é compreensível a morte do preso político Orlando Zapata ou a possível morte de Guillermo Fariñas, em greve de fome para pedir a libertação de 26 presos políticos doentes.


Os democratas cubanos não são os únicos decepcionados com o brasileiro. Na última etapa de seu governo, Lula está demolindo a boa imagem que desfrutou no começo. Recordo, há cerca de três anos, uma conversa que tive no Panamá com Jeb Bush, ex-governador da Flórida. Ele me disse que seu irmão George, então presidente dos EUA, tinha uma relação magnífica com Lula e estava convencido de que ele era um aliado leal. Isso me pareceu uma ingenuidade, mas não comentei a questão.


Alguns dias atrás, um ex-embaixador americano, que prefere o anonimato, me disse exatamente o contrário: "Todos nos equivocamos com Lula. Ele é um inimigo contumaz do Ocidente e, muito especialmente, dos EUA, embora trate de dissimulá-lo". E, em seguida, com certa indignação, criticou a cumplicidade do Brasil com o Irã no tema das sanções pelo desenvolvimento de armas nucleares, o apoio permanente a Hugo Chávez e a irresponsabilidade com que manejou a crise de Honduras ao conceder asilo a Manuel Zelaya na embaixada em Tegucigalpa, violando as regras da diplomacia internacional.


Na realidade, o comportamento de Lula não é surpreendente. Em 1990, quando o Muro de Berlim foi derrubado, o líder do Partido dos Trabalhadores apressou-se em criar o Fórum de São Paulo com Fidel Castro para coordenar a colaboração entre as forças violentas e antidemocráticas da América Latina. Ali estavam as guerrilhas das Farc e do ELN na Colômbia, partidos comunistas de outros tantos países, a FSLN da Nicarágua e o FMLN de El Salvador. Enquanto o mundo livre celebrava o desaparecimento da União Soviética e das ditaduras comunistas no Leste Europeu, Lula e Fidel recolhiam os escombros do marxismo violento para tratar de manter vigente o discurso político que conduziu a esse pesadelo, e estabeleciam uma cooperação internacional que substituísse a desvanecida liderança soviética na região.
No Brasil, sujeito a uma realidade política que não pôde modificar, Lula comporta-se como um democrata moderno e não se afastou substancialmente das diretrizes econômicas traçadas por Fernando Henrique Cardoso, mas no terreno internacional, onde afloram suas verdadeiras inclinações, sua conduta é a de um revolucionário terceiro-mundista dos anos 60. De onde vem essa militância radical? A hipótese de um presidente latino-americano que o conhece bem, também decepcionado, aponta para sua ignorância: "Esse homem é de uma penosa fragilidade intelectual. Continua sendo um sindicalista preso à superstição da luta de classes. Não entende nenhum assunto complexo, carece de capacidade de fixar a atenção, tem lacunas culturais terríveis e por isso aceita a análise dos marxistas radicais que lhe explicaram a realidade como um combate entre bons e maus." Sua frase final, dita com tristeza, foi lapidar: "Parecia que Lula, com sua simpatia e pelo bom momento que seu país atravessa, converteria o Brasil na grande potência latino-americana.


Falso. Ele destruiu essa possibilidade ao se alinhar com os Castro, Chávez e Ahmadinejad. Nenhum país sério confia mais no Brasil". Muito lamentável."


Por Carlos Alberto Montaner - jornalista e escritor

KARALHOKOPTER 13

sábado, março 13, 2010

KRAMER, DORA KRAMER: LICENÇA PARA MATAR

Mesmo com 2 dias de atraso consegui recuperar este primoroso retrato do Mulá pela agente 0010 do colunismo político brasileiro, que agora escreve no Estadão. Sua estatura de idéias a ombreia a Reinaldo Azevedo e a Diogo Mainardi. Aliás, me cobram reproduzir aqui os posts do Reinaldo. São todos tão bons que eu não faria outra coisa, nem dá para pinçar um "bom"... Prefiro deixar que os leiam direto no blog dele, cujo link está à direita - claro - mais embaixo.


"DELÍRIO AUTORITÁRIO
O senso de limite o presidente Luiz Inácio da Silva, é notório, perdeu há muito tempo. Para não retroceder no tempo à época em que comandava a oposição combatendo seus adversários na base do insulto, do ataque a tudo, aí incluídas ações de governo em favor do interesse coletivo, fiquemos com o período da Presidência durante o qual se notabilizou pela defesa das piores causas.
A noção do ridículo o presidente Luiz Inácio da Silva substituiu pela arte de consolidar identificação popular mediante um comportamento já comparado ao de animador de auditórios de espetáculos popularescos.
Ainda assim, construiu um ambiente de respeitabilidade externa em virtude de ter sabido semear e colher os frutos do terreno preparado por seus antecessores sem lhes dar o devido crédito.
Contou ponto também a favor de Lula o fato de ter reduzido ao mínimo das gafes inevitáveis – e que até serviram para compor o tipo – suas manifestações no exterior.
O presidente brasileiro não repete lá fora as performances internas. Deixa de lado os improvisos e, assim, evita os consequentes (propositais?) erros de linguagem, termos chulos e piadas de mau gosto.
Mais recentemente, no entanto, o presidente Lula tem dado sinais de que os altos índices de popularidade podem ter-lhe subtraído por completo a companhia da sensatez, além de ter reduzido a agudeza do instinto de sobrevivência que o faz se preservar do risco extremo e manter acesa a mítica.
A imprensa internacional retratou isso nas críticas feitas a ele quando da visita a Cuba no dia exato em que o dissidente Orlando Zapata morria depois de 85 dias de greve de fome em protestos pelas transgressões aos direitos humanos patrocinadas pelo regime dos irmãos Castro.
Lula não apenas confraternizou com a ditadura de maneira ousada, como depreciou ao limite da crueldade a ação dos dissidentes condenados, torturados e mortos por crime de opinião.
Que o presidente não se importa com princípios, ironizando quem se importa como adeptos do "principismo", e que defende apenas interesses, o Brasil todo sabe. São inúmeros os exemplos.
Internamente é a praxe. Lula só poderia ter tido a fidalguia de não mostrar esse lado ao mundo. Aos 25 anos de retomada democrática depois de quase três décadas de regime autoritário, o Brasil não merecia ser exposto assim. Como um país que elegeu e reelegeu um presidente da República que dá de ombros à luta pelo direito de se opor e ainda compara seus combatentes a criminosos comuns.
Os traficantes, assassinos e sequestradores do Brasil e os presos políticos de Cuba – ou de qualquer parte do mundo, por suposto – para Lula estão em igualdade de condições. Opositor é criminoso.
Ou não foi isso que ele disse quando afirmou: "Imagine se todos os bandidos que estão presos em São Paulo entrassem em greve de fome e pedissem libertação"? "Temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubanos".
Uma manifestação de desapreço ao conceito de solidariedade mundial e de hostilidade à ação da Anistia Internacional, cujo trabalho é justamente se envolver, denunciar, protestar contra as agressões aos direitos humanos.
Graças a isso, durante a ditadura militar brasileira, os combatentes do regime – alguns atuais auxiliares de Lula, uma delas sua candidata a presidente – puderam levar notícias ao mundo do que se passava aqui.
O presidente Lula ultrapassou todos os limites do aceitável. Foi além de países democráticos que apoiaram ditaduras e que ainda mantêm relações comerciais e diplomáticas com regimes autoritários, mas nunca ousaram defender as razões dos ditadores, nem justificar suas ações, ignorar as atrocidades cometidas, acusar os dissidentes de criminosos, muito menos emprestar seu prestígio em defesa da autodeterminação dos déspotas amigos.
É de se perguntar o que acham a ministra Dilma Rousseff e os demais aliados, auxiliares, admiradores e seguidores do presidente Lula desse perfilhamento à tirania e dessa indiferença ao clamor pela liberdade. Por uma questão de conveniência calarão ou tergiversarão aludindo a um mal-entendido na interpretação das palavras. O mundo, entretanto, não será tão condescendente."

sexta-feira, março 12, 2010

segunda-feira, março 08, 2010

ARTIGO DE MARIO VARGAS-LLOSA NO ESTADÃO DE ONTEM


Dispensa comentários adicionais.


"Minha capacidade de indignação política atenua-se um pouco nos meses do ano que passo na Europa. Suponho que a razão disso seja o fato de que, lá, vivo em países democráticos nos quais, independentemente dos problemas de que padecem, há uma ampla margem de liberdade para a crítica, e a imprensa, os partidos, as instituições e os indivíduos costumam protestar de maneira íntegra e com estardalhaço quando ocorrem episódios ultrajantes e desprezíveis, principalmente no campo político.


Entretanto, na América Latina, onde costumo passar de três a quatro meses ao ano, esta capacidade de indignação volta sempre, com a fúria da minha juventude, e me faz viver sempre temeroso, alerta, desassossegado, esperando (e perguntando-me de onde virá desta vez) o fato execrável que, provavelmente, passará despercebido para a maioria, ou merecerá o beneplácito ou a indiferença geral.


Na semana passada, experimentei mais uma vez esta sensação de asco e de ira, ao ver o risonho presidente Lula do Brasil abraçando carinhosamente Fidel e Raúl Castro, no mesmo momento em que os esbirros da ditadura cubana perseguiam os dissidentes e os sepultavam nos calabouços para impedir que assistissem ao enterro de Orlando Zapata Tamayo, o pedreiro pacifista da oposição, de 42 anos, pertencente ao Grupo dos 75, que os algozes castristas deixaram morrer de inanição - depois de submetê-lo em vida a confinamento, torturas e condená-lo com pretextos a mais de 30 anos de cárcere - depois de 85 dias de greve de fome.


Qualquer pessoa que não tenha perdido a decência e tenha um mínimo de informação sobre o que acontece em Cuba espera do regime castrista que aja como sempre fez. Há uma absoluta coerência entre a condição de ditadura totalitária de Cuba e uma política terrorista de perseguição a toda forma de dissidência e de crítica, a violação sistemática dos mais elementares direitos humanos, de falsos processos para sepultar os opositores em prisões imundas e submetê-los a vexames até enlouquecê-los, matá-los ou impeli-los ao suicídio. Os irmãos Castro exercem há 51 anos esta política, e somente os idiotas poderiam esperar deles um comportamento diferente.


DESCARAMENTO


Mas de Luiz Inácio Lula da Silva, governante eleito em eleições legítimas, presidente constitucional de um país democrático como o Brasil, seria de esperar, pelo menos, uma atitude um pouco mais digna e coerente com a cultura democrática que teoricamente ele representa, e não o descaramento indecente de exibir-se, risonho e cúmplice, com os assassinos virtuais de um dissidente democrático, legitimando com sua presença e seu proceder a caçada de opositores desencadeada pelo regime no mesmo instante em que ele era fotografado abraçando os algozes de Zapata. 


O presidente Lula sabia perfeitamente o que estava fazendo. Antes de viajar para Cuba, 50 dissidentes lhe haviam pedido uma audiência durante sua estadia em Havana para que intercedesse perante as autoridades da ilha pela libertação dos presos políticos martirizados, como Zapata, nos calabouços cubanos. Ele se negou a ambas as coisas.


Não os recebeu nem defendeu sua causa em suas duas visitas anteriores à ilha, cujo regime liberticida sempre elogiou sem o menor eufemismo.


Além disso, este comportamento do presidente brasileiro caracterizou todo o seu mandato. Há anos que, em sua política exterior, ele desmente de maneira sistemática sua política interna, na qual respeita as regras do estado de direito, e, em matéria econômica, em vez das receitas marxistas que propunha quando era sindicalista e candidato - dirigismo econômico, estatizações, repúdio dos investimentos estrangeiros, etc. -, promove uma economia de mercado e da livre iniciativa como qualquer estadista social-democrata europeu.


Mas, quando se trata do exterior, o presidente Lula se despe de suas vestimentas democráticas e abraça o comandante Chávez, Evo Morales, o comandante Ortega, ou seja, com a escória da América Latina, e não tem o menor escrúpulo em abrir as portas diplomáticas e econômicas do Brasil aos sátrapas teocráticos integristas do Irã.


O que significa esta duplicidade? Que Lula nunca mudou de verdade? Que é um simples mascarado, capaz de todas as piruetas ideológicas, um político medíocre sem espinha dorsal cívica e moral? Segundo alguns, os desígnios geopolíticos para o Brasil do presidente Lula estão acima de questiúnculas como Cuba, ou a Coreia do Norte, uma das ditaduras onde se cometem as piores violações dos direitos humanos e onde há mais presos políticos.


O importante para ele são coisas mais transcendentes como o Porto de Mariel, que o Brasil está financiando com US$ 300 milhões, ou a próxima construção pela Petrobrás de uma fábrica de lubrificantes em Havana. Diante de realizações deste porte, o que poderia importar ao "estadista" brasileiro que um pedreiro cubano qualquer, e ainda por cima negro e pobre, morresse de fome clamando por ninharias como a liberdade? Na verdade, tudo isto significa, infelizmente, que Lula é um típico mandatário "democrático" latino-americano.


Quase todos eles são do mesmo feitio, e quase todos, uns mais, outros menos, embora - quando não têm mais remédio - praticam a democracia no seio dos seus próprios países, mas, no exterior, não têm nenhuma vergonha, como Lula, em cortejar ditadores e demagogos, porque acham, coitados, que desta maneira os tapinhas amistosos lhes proporcionarão uma credencial de "progressistas" que os livrará de greves, revoluções e de campanhas internacionais acusando-os de violar os direitos humanos.


Como lembra o analista peruano Fernando Rospigliosi, em um artigo admirável: "Enquanto Zapata morria lentamente, os presidentes da América Latina - entre eles o algoz cubano - reuniam-se no México para criar uma organização (mais uma!) regional. Nem uma palavra saiu dali para exigir a liberdade ou um melhor tratamento para os mais de 200 presos políticos cubanos." O único que se atreveu a protestar - um justo entre os fariseus - foi o presidente eleito do Chile, Sebastián Piñera.


De modo que a cara de qualquer um destes chefes de Estado poderia substituir a de Luiz Inácio Lula da Silva, abraçando os irmãos Castro, na foto que me revoltou o estômago ao ver os jornais da manhã.


Estas caras não representam a liberdade, a limpeza moral, o civismo, a legalidade e a coerência na América Latina. Estes valores estão encarnados em pessoas como Orlando Zapata Tamayo, nas Damas de Branco, Oswaldo Payá, Elizardo Sánchez, a blogueira Yoani Sánchez, e em outros cubanos e cubanas que, sem se deixarem intimidar pelas pressões, as agressões e humilhações cotidianas de que são vítimas, continuam enfrentando a tirania castrista. E se encarnam ainda, em primeiro lugar, nas centenas de prisioneiros políticos e, sobretudo, no jornalista independente Guillermo Fariñas, que, enquanto escrevo este artigo, há oito dias está em greve de fome em Cuba para protestar pela morte de Zapata e exigir a libertação dos presos políticos.


O curioso e terrível paradoxo é que no interior de um dos mais desumanos e cruéis regimes que o continente conheceu se encontrem hoje os mais dignos e respeitáveis políticos da América Latina."

OLAVÃO E A DESCONSTRUÇÃO DO SONHO. OU, ACORDA, PESSOAL!

Professor Olavão decompõe a situação sem meias palavras. Quem quiser que acredite nele.


Quem avisa, amigo é

por Olavo de Carvalho

"Quando o sr. Presidente da República diz que essa gente não tem a mínima perspectiva de poder, está sendo até generoso: a direita brasileira, tomada como conjunto, não tem sequer a mais vaga idéia do que seja a luta política.

Para além dos seus respectivos discursos padronizados de autodefinição ideológica, que nem de longe bastam para esclarecer sua verdadeira substância histórica e à vezes servem antes para camuflá-la, várias diferenças separam no Brasil a direita e a esquerda. Desde logo, esta tem uma história; aquela, não. É incrível como esse fator decisivo passa despercebido aos ilustres analistas políticos da grande mídia e da academia, jumentos empalhados que falam. Ele, por si só, explica muito da atual situação política brasileira: de um lado, uma facção imbuída de forte identidade histórica, sedimentada ao longo de quatro ou cinco gerações pelo contínuo reexame e transmutação do legado recebido em instrumento de ação presente, guiado por uma imagem de futuro sempre renovada e adaptada às circunstâncias. De outro, um farelo de grupos surgidos do nada, da noite para o dia, da mera aglomeração fortuita de indignações ocasionais e interesses inconexos. Uns, ignorando tudo do passado. Outros, ansiosos para renegá-lo ao menos em público, caprichando em demonstrações de bom-mocismo para limpar-se da contaminação de um "ranço autoritário" que nem sabem exatamente o que possa ter sido, mas que, hipnotizados pelo discurso esquerdista dominante, acreditam ser coisa invariavelmente feia. Outros, empenhados em enternecer a esquerda para parecer moderninhos, abdicando de toda identidade própria no front moral e cultural em troca de concessões econômico-administrativas que, embora eles não o saibam, o governo lhes faria igualmente sem isso, pois precisa delas para financiar com o lucro capitalista a construção do poder socialista. Outros, enleados em criar belas formulações doutrinais em juridiquês pomposo, que comovem a população como o cocô dos passarinhos comove um busto de bronze. Outros, por fim, devotados a negar a realidade patente, apegando-se, com mais de uma década de atraso, aos velhos slogans "A Guerra Fria acabou", "Lula mudou" e similares, que já eram estúpidos quando lançados pela primeira vez e que só serviram para proteger sob um manto de silêncio cúmplice o crescimento do Foro de São Paulo e do seu poder continental. E praticamente todos apostando na força mágica das eleições, como se o afluxo de eleitores às urnas durante algumas horas, de quatro em quatro anos, tivesse mais força que a ação constante, diuturna, incansável, da militância organizada; como se já não soubessem, pelo exemplo de Collor, que a simples eleição de um presidente, sem tropas de militantes para apoiá-lo nas ruas, não passa de um convite ao impeachment ou, no mínimo, à paralisação do governo sob o metralhar incessante das acusações, dos escândalos e dos inquéritos.
Se algo a história jamais desmentiu, é esta regra elementar: quem dura mais, vence.
Dessa diferença essencial decorre uma segunda: a esquerda tem objetivos de longo prazo pelos quais seus combatentes dariam a vida e que em última instância constituem ali o critério de todos os valores, de todas as decisões, ao passo que a direita, sem outro objetivo senão a sobrevivência imediata, se compõe e decompõe ao sabor de impressões de momento, sem ordem nem rumo, bem como de simpatias e antipatias voláteis, de uma futilidade atroz.
E da segunda diferença decorre uma terceira. Na esquerda, os intelectuais têm uma função orgânica, são os formuladores de estratégias gerais que os políticos seguem com uma constância admirável. Já a direita quer intelectuais apenas como propagandistas de idéias prontas - função na qual os cérebros mais fracos e rotineiros são obviamente preferidos aos pujantes e criadores -, com o agravante de que aquelas idéias não são nem idéias, são apenas os preconceitos, ilusões e regras de bom-tom da classe economicamente privilegiada, cuja máxima aspiração é amolecer o coração da esquerda, na vã esperança de que, bem afagada, ela a deixará em paz. Quando o sr. Presidente da República diz que essa gente não tem a mínima perspectiva de poder, está sendo até generoso: a direita brasileira, tomada como conjunto, não tem sequer a mais vaga idéia do que seja a luta política."

Diário do Comércio, 1 de março de 2010

sábado, março 06, 2010

FRASE LAPIDAR

"O governo do PT compõe-se de dois grupos: um formado por gente totalmente incapaz, e outro por gente capaz de tudo."

AI, AÉCIO!

quinta-feira, março 04, 2010

CONSIDERAÇÕES

A hora está passando e o time não entra em campo pro jogo. Nos bastidores, ocorre intensa troca de idéias entre jornalistas/escritores/filósofos que detém não apenas grande inteligência mas blogs, sites e colunas em jornais de grande circulação e, ainda, a coragem para bater impiedosamente no Governo e nos desmandos "na física e na jurídica" que este é capaz de promover afrontosamente. Essa saraivada de idéias redondas, cristalinas, irrefutáveis, trafega célere pelos computadores de muitos de nós, a cada dia.

Está tudo plotado ali: as falcatruas morais, pecuniárias e criminais estão todas expostas através da "aparente" convergência de idéias, como poucas vezes se viu. Basta relatar a verdade para "causar" essa convergência.

Nada de prático, porém, disso resulta, vez que as pessoas que votam "nisto que está aí" não lêem nem jornais e muito menos emails

Ou seja, canta-se belas canções para uma platéia de surdos.

Os votos a serem conquistados para que se saia do jugo comunista estatizante (e portanto, burro) do PT e seus coligados de ocasião - A JUNTA DO MAL -, estão firmemente escorados na chantagem populista das Bolsas-(escolham o nome, tem pra tudo!) e nas promessas de um mundo melhor e mais colorido. 

Tudo à custa de quem trabalha e produz. Por outro lado, nunca se viu tamanha caterva de vagabundos institucionais, a começar pelo chefe que jamais trabalhou e seguindo pela vasta maioria dos seus Ministros e Secretários, enchedores de linguiça pela mesma cartilha.

A escolha é simples, para os aliciados: "devo arriscar perder minha Bolsa-QualquerCoisa votando em OUTRO candidato ou fico com este que me está sendo indicado, pois ele vai me dar aquela graninha no fim do mês?".

Há que se encontrar uma maneira de se expor ao povo "corrompido" que as benesses tem seu preço. Que tem de haver contrapartidas, hoje tão desprezadas, desmistificadas, desnecessárias, por e como propósito político.

A propaganda do Governo atua, incansável, utilizando-se da mais eficaz arma populista existente, arma essa que a oposição reluta em lançar mão: a mentira. Tosca, deslavada, desavergonhada, infantil e desrespeitosa. À qual se soma a falsificação de dados e de feitos, a empulhação, o engodo, em traição desmedida ao mesmo povo que, analfabeto na maioria, só pensa com o bolso. Como este está sendo forradinho (ou forradão, segundo o escalão), tanto faz se é mentira, pois "foi esse homi qui mindeu u que comê".

Como exemplo dessa profissão de fé mentirosa, lembremo-nos da celebre frase, hoje quase esquecida: "Enquanto houver fome neste país, não exportaremos mais nenhum grão!". Cheia de intenções jamais cumpridas, óbvio, por inviáveis, mas que soou então como um libelo em defesa dos pobres. Lula, o Grão-Pastor! "Lula é meu Pastor, por isso estou pastando...", diriam alguns.

Oposição, chegou a hora de mentir desbragadamente. À moda de Edir Macedo, de Emir Sader, de Marco Aurélio Garcia, de José Dirceu, ou à moda de qualquer loroteiro profissional. Como o Governo. 

Mãos à obra, o importante agora é mentir, mas falando e não escrevendo. O povaréu não sabe ler, então desçam os degraus da Academia e falem, mintam, desbragadamente, no rádio, que o povão sabe escutar. 

O Governo faz isso todos os dias, com louvor. 


Está na hora de usar a mesma arma.