Reproduzo aqui matéria de Folha de SP de hoje, que aponta, após pesquisa (e nem fui eu que encomendei) sobre o que venho dizendo aqui há alguns meses - e posts, o último em 27 de julho passado). É longa a matéria mas importantíssima para que se perceba o TAMANHO DA ARAPUCA que, lenta e insidiosamente, estão nos preparando. E ainda há muitos empresários que, alimentados pela bruxa má, oferecem seus dedinhos para serem examinados entre as barras da gaiola, e nem pressentem o que lhes acontecerá quando estiverem bem gordinhos.
São Paulo, segunda-feira, 08 de outubro de 2007
Diretores de estatais lideram lista doadores do PT em 2006
Indicados políticos repassaram R$ 133 mil ao partido ou à campanha de Lula
Oito entre os dez maiores contribuintes são dirigentes da Petrobras ou de elétricas; maior doador afirma se tratar de "obrigação política"
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Domínio do PT e motivo da cobiça de partidos aliados, as diretorias da Petrobras e das estatais elétricas são ocupadas por militantes que retribuem a indicação partidária contribuindo com seus cofres.
Cruzamento feito pela Folha na lista de doadores do partido em 2006 com a relação de 20 mil cargos de confiança federais mostra que os diretores de empresas públicas estão no topo do ranking. Juntos, 18 diretores repassaram R$ 133 mil ao caixa do PT ou à campanha de Luiz Inácio Lula da Silva. Dos dez maiores contribuintes, oito são de estatais.
O dado mostra como o partido está encastelado nas estatais e como são fiéis ao PT os diretores dessas empresas. Explica também porque é tão difícil para aliados como PMDB, PP, PTB e PR desalojarem esses petistas, em geral ocupantes de cargos com salários de R$ 15 mil a R$ 40 mil, maior que o de ministros. A disputa por cargos de direção na Petrobras abriu uma crise na base de Lula há duas semanas, que chegou a ameaçar a aprovação na Câmara da CPMF.
PMDB e PP reclamaram da indicação da petista Maria das Graças Foster, então presidente da BR Distribuidora, para a diretoria de Gás da Petrobras no lugar do também petista Ildo Sauer, sem que seus pleitos tivessem sido contemplados.
Sauer, que deixou a Petrobras no mês passado, lidera o ranking dos servidores federais que mais contribuíram com o PT e Lula em 2006, com R$ 29.013,13 doados -o "13,13" foi referência intencional ao número do partido. Foster é a sexta colocada, com R$ 11 mil.
"Eu entendo que é nossa obrigação política. Escolhemos apoiar o PT há muitos anos. Não adianta só falar. Campanhas eleitorais infelizmente custam caro", disse Sauer, que se diz um defensor do financiamento público. Segundo ele, "é melhor que o partido receba de seus militantes do que ficar dependente de outros esquemas".
Petrobras
A Petrobras tem mais três servidores no "top 10" dos doadores: o presidente, José Sérgio Gabrielli, foi o segundo mais generoso: deu R$ 21.150. É seguido por Guilherme Estrella, diretor de Exploração (R$ 21 mil), cujo cargo é cobiçado pelo PP. Em nono lugar aparece Armando Ramos Tripodi, chefe-de-gabinete da presidência da estatal, com R$ 5.000.
Gabrielli deu uma explicação via assessoria: "Como cidadão brasileiro, pago meus impostos e não tenho que dar satisfação a ninguém sobre o destino que dou ao meu dinheiro". Segundo a Petrobras, a mesma posição têm Foster, Estrella e Tripodi.
Na batalha pela CPMF, a crise na Petrobras foi contornada com a promessa do governo de reorganizar o loteamento da estatal. Mas deve entrar em cena agora a disputa pelo setor elétrico, que deveria ser da cota do PMDB do Senado, mas está toda nas mãos de petistas.
Elétricas
Eletrobras, Eletrosul e o próprio ministério de Minas e Energia estão sendo tocados por interinos -todos petistas. Valter Luis Cardeal, presidente interino da Eletrobras, repassou R$ 19.500 ao PT e a Lula no ano passado, o que faz dele o quarto mais generoso doador.
Logo atrás vem o petista Ronaldo Santos Custódio, que presidente interinamente a Eletrosul, com R$ 14.100 doados. Mais dois diretores da Eletrobras, dois da Chesf, um da Eletrosul e outro de Furnas fizeram contribuições.
As doações feitas ao partido pelos diretores de estatais são voluntárias. Além delas, há uma contribuição compulsória dos detentores de cargos de confiança petistas, o "dízimo", descontado do salário.
No governo Lula, houve expansão do número de cargos de confiança, muitos dos quais ocupados por petistas. Como conseqüência, a arrecadação do partido disparou.
De acordo com o levantamento da Folha, 274 detentores de cargos de confiança doaram ao PT no ano passado, num total de R$ 265 mil.
Os 18 diretores de estatais, apesar de representarem apenas 6,5% desse universo, responderam por 50,3% do montante de doações de servidores com cargos comissionados.
Ao todo, a campanha de Lula arrecadou mais de R$ 81 milhões -a grande maioria entre pessoas jurídicas.
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