quarta-feira, julho 13, 2005

O QUE INTERESSA MESMO

Agora que cairam as máscaras dos dirigentes "históricos" do Partido dos Trabalhadores - essas figuras vendidas aos incautos, há anos, como impolutas e éticas, hoje enredadas nas malhas deste inexplicável "imbroglio" financeiro montado para sangrar empresas estatais e irrigar o apoio de algumas dezenas ou uma centena de picaretas do Congresso (o próprio presidente Lula, no passado, contabilizava-os em trezentos), que estiveram ou ainda estão à frente de importantes postos da administração pública federal no atual governo - nota-se que eles estão muito próximos de ver suas carreiras até agora declaradamente "limpas", esvaírem-se pelo ralo da vergonha final na direção da fossa comum das "falcatruas" e dos "escândalos", que tanto e tão diligentemente denunciaram enquanto foram oposição a outros governos, ao menor sinal de irregularidades.

Talvez apenas por "bravata", como declarou há algum tempo um destacado líder do partido, para justificar a oposição a tudo e a todas as idéias que não se originassem do PT. Ou seja, a projetos que tivessem alguma relevância efetiva para a vida nacional.

Diante dessa proximidade com crimes financeiros diversos, com tráfico de influências, com nomeações espúrias e com subornos (palavra que vem sendo de todo evitada pela imprensa em geral, sabe-se lá o porquê) na compra de votos no Congresso, além de outros etceteras, todos ainda em fase de apuração oficial a despeito das certezas que a população já acumulou, por que motivo não se cobra com veemência, das autoridades constituídas para isso - principalmente do Sr. Ministro da Justiça, o chefe de todas as polícias -, uma explicação imediata, pontual e definitiva para o caso do tão noticiado quanto mal elucidado assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, notório (ex-)amigo do Presidente da República? Sua execução não foi esclarecida até agora, principalmente, acho, por ter como agentes suspeitos de seu mando a mesma banda de dirigentes do PT hoje envolvidos com os correntes (porém menos graves) problemas, já que o que estamos tratando aqui é de um assassinato, e com indícios fortes de ter sido premeditado.

Segundo a parte da imprensa que não se interessa em ocultar a verdade para agradar ao governo, tratou-se, tudo indica, da eliminação sumária de uma testemunha indesejável - que fazia parte, historicamente, do próprio PT - que se afigurava então "nefasta" aos interesses monetários imediatos do partido (ou de parte deste, concedo, pela argumentação apenas). Tratou-se de uma "queima de arquivo" (à feição de crimes semelhantes praticados por bandidos de grande periculosidade), só que, segundo os jornalistas que investigaram o caso, antecedida de uma infrutífera tentativa de se conseguir, via tortura - a mesma tortura tão detratada historicamente pelos petistas quanto considerada "... força galvanizadora dos espíritos revolucionários dos companheiros que lutaram contra a ditadura ..." - que Celso Daniel entregasse, aos seus assassinos, suposto dossiê no qual juntara provas irrefutáveis contra ex-companheiros de partido, agora algozes, envolvidos então com todo um cardápio de maracutaias locais.

Ao Presidente da República cabe extirpar definitivamente o cancer dessa dúvida. Se pretende cortar na própria carne, como declarou que faria, e com isso demonstrar que não teme a verdade, chegou a hora do Senhor Luis Inácio Lula da Silva honrar a réstia de credibilidade ainda associada à sua trajetória, seu nome e seu cargo. E, bisturi na mão, lancetar este tumor que, deixado como está, permitirá que o corpo petista e sua manifestação máxima, a própria presidência da nação brasileira - o mais alto cargo da República, que hoje ocupa - venha a falecer por via de uma inexorável septicemia.

A apuração rigorosa desse episódio, e agora, é tudo o que nos interessa.